Sínodo: o Instrumentum laboris, uma bússola entre memória e uma nova “visão do todo”

O relator geral, Cardeal Jean-Claude Hollerich, apresentou o documento que embasou os trabalhos na Sala Paulo VI e abriu o primeiro módulo de discussão “para uma Igreja sinodal. Uma experiência integral”. O convite aos participantes da assembleia: vamos refletir e rezar para oferecer uma “palavra meditada” e não “uma opinião improvisada no momento”.

Para responder à pergunta sobre quais são os sinais característicos de uma Igreja sinodal, será necessário “exercitar a faculdade da memória em seu sentido mais profundamente espiritual”, de modo a se reconectar com a jornada de dois anos que precedeu o início da Assembleia Geral e se preparar para que “nosso trabalho seja frutífero” e “nosso discernimento comum possa prosseguir”. Os padres sinodais foram lembrados disso pelo Cardeal Jean-Claude Hollerich, relator geral do Sínodo, no encerramento da primeira Congregação Geral, introduzindo o primeiro módulo de discussão sobre o instrumentum laboris “Para uma Igreja sinodal. Uma experiência integral”.

Recuperando a memória do caminho sinodal

Independentemente do envolvimento pessoal até o momento – desde aqueles que contribuíram para a elaboração dos documentos finais após as etapas continentais até aqueles que ouviram os relatórios das equipes sinodais nomeadas – o caminho sinodal percorrido até agora deixou rastros. “Pensamentos, emoções, sentimentos, intuições, dúvidas, medos, entusiasmos” que o Cardeal Hollerich convida a recuperar tanto por meio de sua própria experiência quanto ao ouvir os religiosos e fiéis leigos que encontrou até agora. “A memória com a qual devemos entrar em contato”, diz ele, “é a memória coletiva do Povo de Deus, não apenas a memória pessoal de cada um”.

Libertar a visão geral do risco da abstração

O objetivo deve ser o de tornar frutífera a alternância entre os Círculos Menores e a Congregação Geral, alimentando uma visão global do Sínodo, “que constitui a perspectiva do significado e evita a dispersão nos detalhes”. “Ao mesmo tempo, a concretude das questões que abordaremos mais tarde”, enfatizou o cardeal, “libera a visão global do risco de abstração e generalização”.

Deixar-se guiar pela conversa do Espírito

Nos Círculos Menores que começarão amanhã e que, para este primeiro módulo, terminarão na manhã de sábado, 7 de outubro, os padres sinodais terão quatro minutos “para comunicar o que está mais próximo de seus corações”. Deixando-se guiar pelo método da “conversação do Espírito” – um discernimento comum de uma palavra meditada e alimentada pela oração – todos são convidados a concentrar sua intervenção “naquilo que nos parece mais importante e mais significativo, naquilo que sentimos que emerge mais fortemente de nossa memória”. Após uma tarde – ou uma manhã – de reflexão e oração, Hollerich continua enfatizando: “deixemos que surjam os pontos em que sentimos que há grande clareza, mas não negligenciemos aqueles em que sentimos que ainda há trabalho a ser feito, em que há uma mistura de luz e sombra, sem medo de apontar as razões para a incerteza ou dúvida”.

Como os discípulos de Emaús

A sugestão do relator geral é inspirar-se no episódio dos discípulos de Emaús, extraído do Evangelho de Lucas. “Quando Jesus se aproxima, sua presença e suas perguntas abrem um espaço para falar e ouvir”, explica Hollerich. “Mas então também surgem a desilusão, a frustração, a raiva e o medo.” “Não sei se passaremos por muitos momentos de desolação durante nossa jornada juntos”, conclui, “mas confio que, graças à obra do Espírito Santo, a consolação entrará em nossos corações, que é a condição para um bom discernimento”.

Os testemunhos

Antes do encerramento da primeira Congregação Geral, dois testemunhos foram oferecidos pelo recém-nomeado Cardeal Grzegorz Ryś, Arcebispo Metropolitano de Łódź, e por Matthew Thomas, um leigo. Ambos relataram a jornada sinodal feita em preparação para a assembleia que começou hoje e o envolvimento gerado pelo amplo trabalho realizado em suas respectivas áreas, particularmente entre as dezenas de paróquias no território da arquidiocese polonesa e nos vicariatos norte e sul da Arábia.

FONTE: VATICAN NEWS