Corpus Christi

Paz e bênção. Corpus Christi.

Hoje, celebramos a solenidade de Corpus Christi. É a festa solene e pública da Eucaristia, sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo: o mistério instituído na última Ceia e comemorado todos os anos na Quinta-Feira Santa, neste dia é manifestado a todos, circundado pelo fervor de fé e de devoção por nós, a Comunidade eclesial.

Sabemos e cremos: a Eucaristia constitui o “tesouro” da Igreja, a preciosa herança que o seu Senhor lhe deixou. E a Igreja conserva-a com o máximo cuidado, celebrando-a quotidianamente na Santa Missa, adorando-a nas igrejas e nas capelas, distribuindo-a aos doentes e, também, como viático, a quantos estão por partir para a última viagem.

Mas este tesouro, que se destina aos batizados, não esgota o seu raio de ação no âmbito da Igreja: a Eucaristia é o Senhor Jesus que se doa – em ação de graças – “pela vida do mundo” (Jo 6, 51). Em todos os tempos e lugares, Ele quer encontrar o homem e a mulher e levar-lhes a vida de Deus.
A fé da Igreja na presença do seu Senhor ressuscitado no mistério da Eucaristia remonta à origem da comunidade cristã. São Paulo transmite o que recebeu da tradição, cerca de 25 anos depois da morte de Jesus. É a narração mais antiga da Eucaristia. A Igreja nunca abandonou esta centralidade. Também o Evangelho de Marcos dá-nos hoje um relato semelhante da instituição da Eucaristia.

A Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo foi instituída em meados do século XIII, numa época em que se comungava muito pouco e onde se levantavam dúvidas sobre a ‘presença real’ de Jesus na hóstia consagrada, depois da celebração da Eucaristia. A Igreja respondeu, não com longos discursos, mas com um ato: sim, Jesus está verdadeiramente presente, mesmo depois do fim da missa. E para provar esta fé, criou-se o hábito de organizar procissões com a hóstia consagrada pelas ruas, fora das igrejas.

Sabemos da centralidade da celebração da Santa Missa. Nela o Senhor convoca o seu povo, reúne-o ao redor da dúplice mesa da Palavra e do Pão de vida, o alimenta e o une a Si no ofertório do Sacrifício. O Senhor age e realiza o seu mistério de comunhão.

Igualmente importante e necessária é a experiência da adoração, gesto de fé e de oração dirigido ao Senhor Jesus, realmente presente no Sacramento do altar. A Igreja ensina que precisamos viver intensamente a relação com Jesus Eucaristia no momento da Santa Missa. Contudo, não podemos esvaziar Sua presença entre nós no resto do tempo e do espaço existenciais. Afinal, a presença de Jesus no meio de nós é constante, é presença concreta, próxima, no meio das nossas casas, como ‘Coração vibrante’ da cidade, do povoado, do território com as suas várias expressões e atividades. O Sacramento da Caridade de Cristo deve permear toda a vida quotidiana. A Adoração é o ambiente espiritual no qual toda a vida acontece, inclusive a Celebração da Eucaristia; a adoração é o ambiente no qual a comunidade pode celebrar bem a Eucaristia, com atitude interior de fé e de adoração. O encontro com Jesus na Santa Missa realiza-se verdadeira e plenamente quando a comunidade é capaz de reconhecer que no Sacramento Ele 1) habita a sua casa, nos espera, nos convida à sua mesa e depois, quando a assembleia se dissolve, 2) permanece conosco, com a sua presença discreta e silenciosa, e 3) acompanha-nos com a sua intercessão, continuando a receber os nossos sacrifícios espirituais e a oferecê-los ao Pai.

Levando a Eucaristia pelas estradas e praças, queremos imergir o Pão que desceu do céu na vida quotidiana da nossa vida; queremos que Jesus caminhe onde nós caminhamos, que viva onde nós vivemos. O nosso mundo, as nossas existências devem tornar-se o seu templo.

A Comunidade cristã neste dia de festa proclama que a Eucaristia é tudo para ela, é a sua própria vida, a fonte do amor que vence a morte. Da comunhão com Cristo Eucaristia brota a caridade que transforma a nossa existência e ampara o caminho de todos nós rumo à pátria celeste.

Por isso a liturgia nos faz cantar: “Bom Pastor, verdadeiro pão, / (…) Tu, que tudo sabes e podes, que nos alimentas na terra, / conduz os teus irmãos / à mesa do céu / na glória dos teus santos”.

Papa Bento XVI ensina que “nós próprios, sendo muitos, devemos tornar-nos um só pão, um só corpo. Assim o sinal do pão torna-se ao mesmo tempo esperança e tarefa.

Papa Francisco: “peçamos ao Senhor que este Sacramento possa continuar a manter viva na Igreja a sua presença e a plasmar as nossas comunidades na caridade e na comunhão, segundo o Coração do Pai”.
“Vivamos a Eucaristia com espírito de fé, de oração, de perdão, de penitência, de júbilo comunitário, de solicitude pelos necessitados e pelas carências de numerosos irmãos e irmãs, na certeza de que o Senhor cumprirá aquilo que nos prometeu: a vida eterna”.

Maria é a “mulher eucarística”, como a definiu o Papa João Paulo II na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia. Imploremos à Virgem para que cada cristão aprofunde a fé no mistério eucarístico, para viver em constante comunhão com Jesus e ser sua válida testemunha.

Abençoada Solenidade do Corpo de Cristo. Abraço.