Paz e bênção. Estamos com Jesus ou contra Jesus?
Estamos com Jesus ou contra Jesus? Ouvimos seu chamado ou mandamos chamá-Lo para que Ele venha? Seguimos a Ele ou queremos que Ele nos siga? Deixamo-nos ‘dominar’ por Ele ou queremos ‘dominá-Lo’? Ouvimos o Espírito ou o blasfemamos?
Nossa salvação consiste em estar com Ele, como Ele realmente é, não como nós gostaríamos que Ele fosse. O Pai nos coloca com Jesus, pois quer que sejamos como Ele: filhos. Condição: escutá-Lo. Jesus está no centro de todos os que ‘cumprem a vontade de Deus’. O Pai quer que todos estejam com Ele: o dar ouvidos à serpente nos tornou filhos do diabo; ouvir o Filho nos devolve o nosso rosto de filhos.
Diziam: Jesus está fora de si, enlouqueceu! Faz coisas contra a lógica simples de Nazaré. E é excomungado. Dizem: é filho do diabo.
Interessante: a pedagogia de Jesus mais uma vez encanta. Chama para perto os que o julgaram de longe. Conversa com eles, estes que não lhe dirigiram a palavram, que nada lhe perguntaram, somente julgaram-no. Jesus os faz raciocinar. Contudo, inútil. Jesus tem inimigos, como vemos, mas Ele não é inimigo de ninguém. Ele é amigo da via.
Seus familiares estão fora e mandam-no chamar. Marcos não esconde de nós que, no dia-a-dia, havia tensões no berço da sua família, incluindo sua mãe. E talvez aqui está um dos momentos mais dolorosos da vida de Maria Santíssima: ‘quem é minha mãe?’ Parece quase um desconhecimento para com sua mãe. A única vez em que Maria aparece no Evangelho de Marcos é como uma mãe que não entende o seu filho. Ela, que teve a graça de gerar Deus, não consegue entendê-lo totalmente. A maior familiaridade não a privou das maiores incompreensões. Ter o Messias como familiar, tendo-o à mesa, conhecendo seus gestos, não tornou menos difícil a via da fé para Maria. Também ela, como nós, peregrina na fé.
Jesus não contesta a família. Queria estender a todos as relações calorosas e boas da sua casa, multiplicá-las ao infinito, oferecer casa a todos, reunir em casa todos os filhos dispersos. Diz, enfim: ‘quem faz a vontade do Pai, este é para mim mãe, irmã, irmão’. E Jesus continua o seu caminho. Muitas multidões e muita solidão. Mas por onde passa floresce a vida. E um sonho de maternidade, fraternidade, sonho de família vai ensaiando, dia após dia, pois não pode abdicar este sonho. Para isso foi enviado pelo Pai.
Jesus é a Palavra eterna do Pai. Quem O escuta torna-se seu irmão, sua irmã, sua mãe. Maria é assim. Ela faz a vontade do Pai. Nossa lógica humana é muito simples: cada um se torna aquilo ou aquele que escuta (come, assume, faz próprio).
A meta da missão de Jesus não é a Igreja, mas o reino de Deus. O Reno de Deus é o centro da vida, da missão, da pregação e das demais ações de Jesus. Acontece que o anúncio do Reino por parte de Jesus apela a uma decisão. Aqueles e aquelas que vão aderindo ao Reino e ao apelo de Jesus ao seguimento vão formando uma comunidade. Alguns está ‘dentro’, outros estão ‘fora’, não por decisão de Jesus, mas por opção dos seus ouvintes, interlocutores, seguidores. O mais importante na nova comunidade não são doutrinas, tradições, preceitos morais, normas disciplinares, mas fazer a vontade do Pai, ao estilo de Jesus – Mc 3, 20-35.
Abençoado Domingo. Abraço.