Jesus, às vezes, toma distância da lei bíblica: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento”. Jesus afirma uma coisa enorme: não toda a lei, que nós dissemos de Deus, tem origem divina. Às vezes essa é reflexo de um coração duro. Tem algo que vale mais da lei escrita – Mc 10, 2-16.
Diz Simone Weil: “Colocar a lei antes da pessoa é a essência da blasfêmia”. E por isso, Jesus, infiel à letra para ser fiel ao espírito, “ensina usar a nossa liberdade para cuidar o fogo e não para adorar as cinzas” (G. Mahler). A Bíblia requer inteligência e coração. Jesus é a luz da Palavra toda e Ele é a verdadeira leitura e interpretação. Por isso, disse tantas vezes: “Vocês ouviram o que foi dito, eu porém vos digo”. Jesus quer inspirar a lei e mostrar a interpretação correta, conforme o coração do Espírito Santo. Jesus nos toma pela mão e nos ajuda a caminhar para dentro do sonho de Deus, mostrado na Palavra, olhar a vida sob o ponto de vista do Deus da criação.
O sonho de Deus é que ninguém esteja só, ninguém sem segurança, ninguém sem ternura. Jesus nos leva a respirar as coisas da origem. E que o homem não separe o que Deus uniu. Deus cria comunhão!
Na lei bíblica, a mulher vale menos do que o homem. Jesus grita: alto lá! E chama a mulher aos mesmos direitos do homem, sem valer menos. Deus os fez homem e mulher. Iguais em dignidade e valor. O adultério está no coração e o coração é igual para todos.
O pecado verdadeiro, muito mais do que transgredir uma norma, consiste no transgredir o sonho de Deus. Por isso, no matrimônio, os cônjuges precisam dar tudo de si para manter a aliança. Não romper. Pode ser amargo, como foi para Deus se manter fiel ao seu amor por cada um/a de nós. Faz parte da aliança. Não despedir a mulher e não despedir o homem. Dar tudo para não despedir o sonho de Deus.
Abençoado Domingo. Abraço.