Por meio dos atos de ‘revivificações’, Jesus declara que o amor fiel do Senhor acabará com todos os inimigos do ser humano, inclusive seu pior e último inimigo: a morte. Assim como as testemunhas do milagre em Naim (Lc 7, 11-17), nós também devemos ser tomados por um temor reverencial.
Perder pai e mãe é doído, mas natural; está na lógica das gerações que se sucedem. Perder, porém, um filho ou uma filha, é dor grande demais. A cidade de Naim mostrou-se solidária com a mulher que já perdera o marido e, agora, enterra o filho. Jesus junta-se àquela imensa dor e devolve o filho à mãe. Quantas mães não gostariam de ter seus filhos evolvidos à família, aos pais, à vida!
Jesus usa graça e misericórdia para com o mais pequenino entre todos, o extremamente pequeno, um jovem morto, filho único de mãe viúva! Jesus faz por primeiro aquilo que expressou como exigência do Filho de Deus: ama os inimigos (= pagãos 7,1-10), toma no coração os pequenos (7,11-17) e acolhe os pecadores (7,36-50). Estes três episódios são o quadro de Sua autorrevelação e indicam o seu tipo de messianismo: realiza o julgamento, a promessa e a salvação de Deus, segundo a necessidade da sua misericórdia.
Deus visita sem pedido, oração ou fé, de quem está totalmente perdido e não pode mais nem pedir, nem rezar e nem crer. Jesus aqui é chamado por Lucas pela primeira vez: “Senhor”. Isto significa que esta passagem o revela plenamente, também a nível de redator-leitor: é o Senhor de misericórdia, autor da vida, vencedor da morte. O filho da viúva é descrito em termos que aludem ao próprio Jesus morto e ressuscitado: é o “filho unigênito” (3,22; 9,35;20,13), “na porta da cidade” (cf. 20,15), se “levanta” (24,6) e, ao seu levantar-se, se fala de “Um grande profeta apareceu entre nós”. Esta mudança de figura, esta sobreposição Jesus/filho único morto/levantado indica a Sua misericórdia. Esta o conduzirá ao encontro da nossa miséria, até se identificar conosco e perder-se a si próprio para nos salvar.
Bom dia. Abraço.