Paz e bênção. A transfiguração de Jesus, Messias sujeito à rejeição.
Ninguém parecia esperar um Messias que não fosse poderoso prestigioso, político. Não passava pela cabeça das pessoas a figura de um Messias pequeno, simples, pobre, sujeito à rejeição, à perseguição, ao sofrimento, à morte. Mas foi justamente este o messianismo que Jesus escolheu. Um ‘pobre de Javé’ adotou o modelo do ‘servo de Javé’, de que fala o profeta Isaías.
Quando Jesus manifesta aos discípulos que ele, em Jerusalém, seria condenado e morreria de morte violenta, os discípulos não entendem, entram em crise, decepcionam-se. Mas Jesus tem a clara e firme consciência de que Deus não abandonará definitivamente o seu Servo: “Depois de dois dias nos fará reviver, no terceiro dia nos levantará” (Os 6,2).
A transfiguração de Jesus no alto do monte é a comunicação viva, forte, avassaladora desta experiência. Enquanto ele rezava – a oração intensa tem o poder de nos transfigurar até externamente! – a glória de Filho de Deus pode ser contemplada pelos discípulos. A luz da Ressurreição se antecipou na dura caminhada de Jesus e dos discípulos. Enquanto rezava, o seu rosto mudou de aspecto. Rezar transforma, transfigura. Rezar muda o coração, a pessoa se torna aquele que contempla, aquilo que escuta, o que ama, Aquele a quem reza: é no contato com o Pai que a nossa realidade se ilumina. Assim, o Evangelho é a vela notícia que Deus dá vida a quem produz amor _ Lc 9, 28b-36.
Os três discípulos que partilham a experiência da transfiguração recusam-se a aceitar que o triunfo do projeto libertador do Pai passe pelo sofrimento e pela cruz. Eles só concebem um Deus que Se manifesta no poder, nas honras, nos triunfos; e não entendem o Deus que Se manifesta no serviço, no amor que se dá. Qual é o caminho da Igreja de Jesus: um caminho de busca de honras, de busca de influências, de promiscuidade com o poder, ou um caminho de serviço aos mais pobres, de luta pela justiça e pela verdade, de amor que se faz dom?
Abençoado Domingo. Abraço.