Paz e bênção. Longe do amado, todo tempo é longo.
Jesus continua preparando os discípulos para a sua partida. ‘Daqui a pouco vocês não me verão mais’. É a dureza da cruz, a partida da morte – Jo 16, 16-20. É o tempo no qual cumpre a volta ao Pai e nos deixa o seu Espírito. É o último trecho de sua vida terrena, no qual realiza aquilo do qual todo o resto é sinal. É o tempo no qual se mostra plenamente: manifestando a glória do amor cumprido, nos revela a essência de Deus e do homem.
‘Mais um pouco, porém, e vocês me tornarão a ver’. É a manhã da Páscoa daquele primeiro dia da semana, que se tornou o dia do Senhor. Este segundo pouco tempo, no qual Jesus permanece invisível para depois se mostrar de novo, é aquele que vai da sua sepultura ao amanhecer de Páscoa, quando os discípulos o verão novamente. É como o primeiro, um tempo difícil. Mas, no encontro com o Ressuscitado, dor, medo e desilusão se desfazem em glória, confiança e esperança. Enquanto o mundo não mais o verá, os discípulos o verão, “porque eu vivo e vós vivereis”, disse Jesus (14,19): o verão porque viverão do seu mesmo Espírito.
O sentido deste discurso – enigmático para os ouvintes de Jesus – é claro para os leitores do Evangelho. Fala-se de dois momentos. No primeiro os discípulos o veem ainda por pouco, antes que morra e desapareça no sepulcro; no segundo não o veem mais, para revê-lo como ressuscitado. Como já dito, são respectivamente a Sexta-Feira e o Sábado santo, dois dias de luto que conduzem ao terceiro dia, da alegria. O primeiro é assinalado pelo escândalo, pecado e abandono; o segundo por reflexão, conversão e volta. São os dois tempos inelimináveis de nossa passagem, com Jesus, do mundo ao Pai. No primeiro se esfarelam os ídolos do homem, com tudo quanto pensa, ama e espera; no segundo germina uma nova esperança, que abre às promessa de Deus.
‘Eu vou para junto do Pai’. Os discípulos se perguntam o que significa “vou ao Pai” (v.10; cf 13,1). Se entendessem isto, entenderiam o resto. De fato, daqui a pouco não o verão mais na carne, pouco depois, o verão no Espírito, justamente porque ele se vai ao Pai, do qual saiu (cf. v.28). Quando acolherem a cruz como glória do Filho retornado ao Pai, então essa não será motivo de tristeza, mas de alegria: não será o fim, de tudo, mas a fonte de uma vida nova no amor.
Bom dia. Abraço.