Os discípulos têm dificuldade em ‘compreender’ que o caminho da salvação passa pela negação de si, pela humildade, pelo serviço, pela entrega da vida, pela morte. A imagem que têm do Messias está misturada com ideias de poder, glória, prestígio, já estão dividindo os ministérios! A lógica de Jesus é doutra: a vida é amar e servir. Sendo assim, o melhor lugar é o último, o de Jesus, que se fez servo de todos; que tirou o manto e amarrou um avental em volta da cintura; que pôs água na bacia para lavar os pés dos discípulos.
Jesus nos convida a sermos os primeiros. Por isso, ele diz: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” Desta maneira, fala de si mesmo: último, servidor, criança – Mc 9, 30-37.
Quem é o maior? Deus é o maior. Aprendamos dele a sermos grandes. Ele é servo e abraça a todos, a começar pelas crianças. Jesus não grita, não ofende, não usa de violência, não considera a mulher menos que o homem, nem o negro menos que o branco e nem exclui alguém. Ele a todos abraça e a todos serve. Jesus não é onipotente, mas oni-abraçador.
Jesus coloca no centro o mais fraco e necessitado de ajuda e amor: uma criança. Jesus nos desarma e convida ao abandono total, sem reservas. Jesus propõe uma criança como modelo de crente. O que sabe uma criança? Sabe a ternura dos abraços, as emoções das corridas, o vento na face… Ela não sabe filosofia e nem leis. Conhece, contudo, e como ninguém, a confiança, e se confia. Jesus nos propõe uma criança como pai-mãe, em nosso caminho de fé. A criança é o pai da pessoa. As crianças dão ordens ao futuro. E Jesus acrescenta: “Quem a acolhe, é a mim que está acolhendo”. Jesus indica a criança como sua imagem. Deus como uma criança! Sim, o Rei dos reis, o Criador, o Eterno numa criança. Se Deus é como uma criança significa que é protegido, ajudado, nutrido, socorrido, acolhido.
O reino de Deus pertence àqueles que forem como uma criança. As crianças não são melhores (mais boas) que os adultos, são também egocêntricas, impulsivas e instintivas. Mas são mestras na arte da confiança e da admiração. Vivem como os lírios do campo ou os pássaros do céu; prontas ao sorriso, logo após o choro. Confiam totalmente na sua mãe e no seu pai. A criança é portadora da festa, todos os dias. Ela é a alegria da família. Ama a vida apaixonadamente.
Acolher Deus, confiar em Deus como uma criança acolhe e confia na sua mãe. Nosso modelo de fé é Maria. Maria acolheu Deus numa criança. Esta foi sua missão.
Abençoado Domingo. Abraço.