Paz e bênção. Vivo o Evangelho para ser feliz.
Jesus fala do tesouro que é encontrado. No início há a descoberta do valor precioso; o descobridor decide renunciar a tudo, conquanto venha a possuir o tesouro que encontrou – Mt 13,44-52.
A alegria é instantânea e natural. Jesus dá a entender que o Reino dos Céus – o encontrar Deus ou ser encontrado por Ele – é possível a todos. Paulo, inclusive Paulo, perseguidor da Igreja nascente, foi alcançado por Cristo: foi surpreendido pela Luz, na via de Damasco. Assim, nós, cada um de nós, poderemos ser surpreendidos por Deus, que, como dizia Tereza d’Ávila, “se move entre as panelas”, Deus se move entre as panelas, ou seja: no ordinário do nosso viver. Deus, de fato, está no teu campo, está ali onde vives, trabalhas e amas; está ali como um enamorado de normalidade, como um agricultor paciente. Deus nos espera, para Se nos ofertar.
Tesouro e pérola: nomes belíssimos que Jesus escolhe para falar do incomparável tesouro presente na vida do Evangelho. A fé é uma força vital que muda a vida e a faz dança, livre, leve e plena.
“Encontrado o tesouro, o homem cheio de alegria vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo”. A alegria é o primeiro tesouro que o Evangelho presenteia, é o movente que faz caminhar, correr e voar. A alegria é a força para decidir-se pelo Reino. Assim, vender todos os bens não é um sacrifício de renúncia, pois o tesouro é infinitamente superior. Todo o comportamento muda. A alegria brota do ter os olhos fixos no tesouro. Nada é jogado fora, nada é perdido: tudo é apostado. O agricultor e o mercador vendem tudo. Para quê? Vendem tudo para tudo ganhar. Deixam muito, para ganhar mais. Não perdem nada. Investem. Apostam todo o seu viver: apostam-se. De acordo com Jesus, assim reagem os que descobrem o reino de Deus.
Contudo, importante é não deixar esta aposta para amanhã. Amanhã já não terei mais a força de hoje. Jesus, inclusive, nos serve de exemplo a ser seguido: constantemente, entusiasmado, Ele vive o seu único tesouro, que é cumprir a vontade do Pai; vive a vontade do Pai cada dia, intensamente, inteiro, nada de si reservando para si mesmo. Jesus vive seu tesouro com sabor e júbilo, com decisão e entrega, quando é aclamado e quando é perseguido. Jesus é íntegro, limpo, coeso. Diz: “Pai, não a minha vontade, mas a tua”; “meu alimento é fazer a vontade do Pai”.
Por isso, ‘amemos todos, de todo o coração, com todo o empenho, com todo o afeto, com todas as entranhas, com todos os desejos e vontades ao Senhor Deus. Nada mais desejemos, nada mais queiramos, nada mais nos agrade ou deleite a não ser o nosso Criador, Redentor e Salvador, único Deus verdadeiro, que é o bem pleno, todo o bem, o bem total. Nada, portanto, nos impeça, nada nos separe, nada se interponha entre nós’ (S. Fco).
Bom Domingo. Abraço!
Dom João Inácio Müller, ofm
Bispo de Lorena SP