Paz e bênção. Vazios do óleo do amor? Não!
A parábola das virgens é a mais bela metáfora da existência humana – Mt 25, 1-13. A nossa existência é comparada a um êxodo para ir ao encontro do Esposo. A nossa vida, é uma ‘saída’, cujo ‘destino’ é o Encontro. Saímos do seio da mãe para a luz, saímos a todo instante daquilo que somos para aquilo que devemos ser, até sair da vida para encontrarmos a nossa vida, escondida em Cristo (Cl 3,3).
Não sabemos o dia e a hora da chegada do Esposo, mas sabemos que Ele virá e que cada dia e cada hora é um passo que nos aproxima mais dele. A condição para que o encontro não seja um desencontro é que escutemos e sigamos a Palavra. Este é o óleo que a s virgens sábias levam consigo e que as virgens imprudentes deixaram de carregar: escutar e fazer a Palavra – estes são minha mãe, irmãos e irmãs – tem afetividade, são da família. Por isso, as sábias podem entrar na festa, enquanto as imprudentes não são reconhecidas.
Toda a existência das virgens sábias foi uma vigilante e atuante acolhida quotidiana do Esposo. Sua existência foi se enchendo de óleo, isto é, elas foram se abastecendo de Espírito Santo. As virgens imprudentes, ao contrário, não ouviram e não fizeram a Palavra. Não esperaram, não reconheceram e não amaram o Esposo. Sua existência é um existência vazia, sem amor, sem Espírito. Tanto se afastaram dele e da sua voz que, no fim, não o conhecem mais e não são por ele conhecidas. Por isso, ele lhes diz: ‘Não as conheço’.
A finalidade desta passagem não é assustar-nos em relação ao futuro, mas chamar a nossa atenção para a importância do presente. O momento presente é o único que nos é dado para viver e adquirir o óleo necessário. A salvação ou a perdição dependem do que fazemos aqui e agora. O futuro está em nossas mãos e enquanto é no presente que, com consciência e liberdade, o construímos.
O fracasso final é colocado diante de nossos olhos para acordar-nos da inconsciência e da inatividade. A visão do desastre final deve servir para despertar a nossa liberdade atual.
A parábola de hoje tem ligação com as da erva e da rede (Mt 13). Lembra aos discípulos que não se salvam automaticamente, só por pertencerem à comunidade, só por crerem. Não é quem exclama ‘Senhor, Senhor’ que entra no reino dos céus, mas quem ama o Senhor e os irmãos, fazendo a vontade do Pai (Mt 7,21 ou sede perfeitos!).
A parábola, em sua sábia pedagogia, quer levar-nos à identificação com as virgens imprudentes para, convertendo-nos, nos tornarmos como as virgens sábias.
Concluindo e retomando: o único óleo que não pode faltar nas lamparinas do nosso juízo é o óleo do amor. Amor a Deus. Amor a todos. Mas, sobretudo, amar os pequenos, os pobres, os pecadores. Estamos abastecidos com este óleo, presente do Espírito Santo? (O pão nosso).
Bom dia. Abraço.
Dom João Inácio Müller,ofm
Bispo diocesano de Lorena SP