O Evangelho da Samaritana, proclamado em nossas assembleias neste domingo, é um convite provocador para que todos nós recomecemos a partir do encontro com Jesus uma nova caminhada, possuindo um novo olhar, uma nova meta e um novo jeito de viver e celebrar a fé em Jesus Cristo, a partir deste tempo privilegiado de conversão e mudança de vida que é a quaresma.
São João é o evangelista da delicadeza, pois cita detalhes muito precisos dos episódios que narra em seus escritos. No evangelho da Samaritana, chama a minha atenção o detalhe do horário, quando no versículo seis, o evangelho nos informa que “era por volta do meio dia”. O meio dia, significa a divisão do tempo, a hora em que o corpo cansado necessita de uma pausa para o alimento e o descanso, a fim de poder prosseguir sua jornada e viver fortalecido a tarde e a noite que o espera.
Neste momento, ao meio dia Jesus se encontra com a Samaritana e a Samaritana com Jesus, duas pessoas separadas pela lei e os costumes de uma época, mas que não permitem que suas diferenças sejam barreiras, e usando de suas necessidades, encontram um no outro um motivo para continuar, uma razão para prosseguir… A Samaritana vai ao poço para buscar água, talvez cansada e irritada com seus afazeres e desejosa de deixar um pouco suas preocupações. Jesus, senta-se no poço a espera de alguém que possa ajudá-lo a saciar a sede que sentia, certamente cansado da longa caminhada que havia feito e do dia cansativo.
Deste encontro brota um diálogo e deste diálogo uma lição para todos nós: Jesus acolhe a Samaritana e a Samaritana acolhe Jesus por meio de sua Palavra e sua Boa Nova, recebendo assim a água viva que jorra para a vida eterna. Nenhum dos dois sai do poço sem dar e sem receber. A Samaritana, descobre um novo amor, um amor puro e natural que mudaria a sua vida, ela já havia tido seis, mas nenhum destes havia sido o ideal, agora encontra-se com o sétimo (número da perfeição), ou seja o perfeito, que semeando uma nova esperança em seu coração, jamais haveria de decepcioná-la. Jesus, por sua vez, refaz suas forças físicas, matando sua sede e planta a semente da sua mensagem num coração sedento de vida e esperança.
A grande lição que brota deste evangelho para nós, é a pausa e o recomeço que se dá ao meio dia, tempo de abandonar uma manhã que não deu certo na expectativa de uma tarde e uma noite felizes, na presença de Deus que cuida de nós, acendendo as estrelas, quando a noite esconde a luz do sol que grita pela tarde.
Estamos na metade da quaresma, o “meio dia” deste tempo rico de avaliação e correção da nossa postura, enquanto cristãos batizados, filhos e filhas de Deus. Aproveitemos então, para observar atentos o evangelho e, imitando a figura da Samaritana, coloquemo-nos a caminho do encontro com Jesus, desejosos de matar a sede de vida e libertação que há em nossa alma e em nosso coração. Seja portanto este domingo, um momento propício para avaliarmos nossa caminhada e tomarmos um fôlego, a fim de que se torne mais intensa a nossa caminhada penitencial e o nosso desejo de celebrar com seriedade, mas sobretudo dignidade a Páscoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Seja feliz…
Tenha uma boa semana e uma profícua caminhada em direção a solene festa da páscoa – Deus é contigo!
Alegri@