Rede Eclesial Pan-Amazônica celebra 10 anos de cuidado e proteção da Amazônia e seus povos 

Uma cerimônia realizada na manhã desta quinta-feira, 12 de setembro, marcou os 10 anos de criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). Aos pés de uma mangabeira, nos jardins da sede das Pontifícias Obras Missionárias (POM), em Brasília (DF), foi feita a memória do encontro que instituiu a rede dez anos atrás e a renovação dos compromissos de cuidado e proteção do bioma amazônico e de seus povos.  

Estiveram presentes colaboradores, assessores e parceiros da Rede, bem como representantes das instituições que tiveram a iniciativa da criação da instituição, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).  

Durante a mística inicial, foram colocados sobre as raízes da mangabeira todas as publicações da Repam e os materiais que representam os processos de articulação, escuta dos povos, preparação para o Sínodo, planos pastorais e outras ações em defesa da vida na região.  

 

O bispo de Roraima e presidente da Repam-Brasil, dom Evaristo Pascoal Spengler, recordou o atual contexto desafiador para a vida dos povos e do próprio bioma, com a lógica da exploração que leva destruição para a região. Mas pontuou que existem pessoas que estão na lógica da defesa da vida: “E a Repam é impulsionadora dessas pessoas”, ressaltou.  

Dom Evaristo recordou o que o precederam nas iniciativas de mobilização e defesa da vida e de organização da Igreja com rosto amazônico: dom Cláudio Hummes, que “até o final, mesmo com a doença, clamou pela Amazônia”; dom Herwin Krautler, que “até hoje está defendendo a floresta, os povos e os rios”; e o Papa Francisco, “que colocou a periferia no centro com a convocação do Sínodo para a Amazônia”. 

Já o arcebispo de Palmas (TO) e vice-presidente da Repam-Brasil, dom Pedro Brito Guimarães, disse que, no atual contexto, “há pouco o que celebrar”, com 60% do território afetado pela fumaça, as enchentes e queimadas. Para ele, vivemos uma “pandemia ecológica”. Mesmo assim, é preciso “comemorar para não perder”, e isso como “um ato de rebeldia, coragem e profecia”. 

 

Farol de esperança 

O bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, afirmou que a Repam é “um farol de esperança em meio a tempos desafiadores” e que em uma década de atuação, “tornou-se um sinal profético na defesa da vida, dos territórios e dos povos amazônicos, sempre iluminada pelo Evangelho e pelos ensinamentos da Igreja”. 

O trabalho da Rede, segundo dom Ricardo, segue o ensinamento do Papa Francisco na Laudato Si’ de que “tudo está interligado” (LS 16), e que não se pode separar a crise ambiental da crise social. “É exatamente nesta interligação que a Repam tem feito seu trabalho: unindo as vozes das comunidades, dos povos originários e da Igreja, para que, juntos, possamos ser defensores, guardiães da Criação”. 

Dom Ricardo ainda ressaltou que “ao promover a vida e o Bem Viver, a Repam nos recorda que os povos da Amazônia não são apenas vítimas, mas protagonistas na luta pela justiça socioambiental”. 

“Hoje, ao celebrarmos esses 10 anos de lutas e conquistas, renovamos nosso compromisso com a Casa Comum e com os povos da Amazônia. A CNBB, quer lembrar de todos os protagonistas, desde o 1º Encontro inter-regional dos Bispos da Amazônia, em Manaus, de 2 a 6 de julho de 1952, passando pelo apelo que Paulo VI, em 1971, fazia ecoar: “Cristo aponta para a Amazônia” e o histórico encontro de Santarém, em que homens e mulheres souberam ouvir a voz do Espírito Santo e entenderam os desafios que vinham pela frente. A espiritualidade encarnada que guia a Repam nos convida a agir com coragem, compaixão e esperança, confiantes de que Deus está conosco nesta jornada”. 

 

Em vídeo, o presidente da Repam, dom Rafael Cob Garcia, vigário apostólico de Puyo, no Equador, rogou a Deus que abençoe a todos que atuam na Repam, “dando sabedoria e força para continuarem sendo aliados dos pobres, dos que sofrem na Pan-Amazônica e com a natureza que Deus nos deu”. 

O arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB e do Celam, dom Jaime Spengler, também enviou sua mensagem em vídeo. Ele recordou o contexto das secas e das queimadas nos biomas brasileiros, destacando a pertinência da celebração dos dez anos da Repam nesses dias. “Isso diz da necessidade premente de, talvez, nos empenharmos ainda mais na promoção e no cuidado da casa comum”.  Dom Jaime desejou “que Deus continue nos inspirando, nos iluminando, porque a criação não só é obra boa, mas é muito boa, e por isso merece tudo o carinho, tudo o respeito, toda promoção e todo o cuidado”. 

 

Confira como foi o evento de comemoração dos 10 anos da Repam: