QUARESMA: Tempo de Jejum, Oração e Esmola

Irmãs e Irmãos,

Paz e bênção do Senhor!

Convido você a viver a melhor quaresma da sua vida. Viva a quaresma! Pense nos propósitos deste tempo forte de conversão. Faça seu planejamento com coragem e determinação, pedindo a graça e a luz de Deus.

Iniciamos a quaresma nesta quarta feira de cinzas, dia 22 de fevereiro. Esta é uma data de reconhecermos que somos pecadores e então, aproveitarmos para pedir perdão a Deus, pedindo a força de mudarmos para melhor.

A quaresma é tempo favorável ao arrependimento e ao retorno a casa paterna. Tempo de fazermos a experiência do amor misericordioso de Deus manifestado em Jesus.

A Quaresma é um tempo litúrgico, no qual a Igreja nos convida para a preparação da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. É tempo de orar, jejuar, perdoar e oferecer ajuda para quem necessita, em comunhão com a Campanha da Fraternidade, sob o tema e o lema: “Fraternidade e fome” e “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

Este rico tempo litúrgico tem a proposta de ser fonte cristã para transformar em um grande retiro, de 40 dias, no qual os católicos, as comunidades eclesiais missionárias e as famílias, possam crescer em busca da santidade.

O jejum é mais do que deixar de comer carne ou outro tipo de alimento. Deve ser uma consciência solidária capaz de reconhecer a dor e o sofrimento das pessoas que passam fome e ver neles a pessoa de Jesus.

O quarto mandamento (“Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja”) determina os tempos de penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração. (CIC § 2043).

A oração deve ser o encontro com Deus, um despertar e aprofundamento da espiritualidade. Única forma de fazer um caminho de volta e saciar a nossa sede pelo infinito. O catecismo da igreja vê a oração em três dimensões diferentes: como dom de Deus, como Aliança com Deus e como comunhão.

Oração como dom de Deus

O dom da oração é recebido através da humildade do coração, como diz: “A humildade é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus”. (Catecismo § 2559).

A oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede dele” (Catecismo § 2560).

Oração como aliança com Deus

A oração também atua como aliança de Deus para com o homem.

Quando oramos, é o homem todo que reza. Porém, de maneira especial, dentro do coração do homem é o lugar onde acontece o encontro com o Senhor.

“Ele (o coração) é o nosso centro escondido, inatingível pela razão e por outra pessoa; só o Espírito de Deus pode sondá-lo e conhecê-lo… É o lugar do encontro, pois à imagem de Deus, vivemos em relação; é o lugar da Aliança” (Catecismo § 256).

Oração como comunhão com Deus

Se precisássemos definir a igreja em uma palavra, essa palavra precisaria ser “comunhão”. No momento em que somos batizados, nos tornamos um mesmo ser com Cristo, onde Ele é a cabeça e nós o corpo, como afirma São Paulo: “Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas” (Colossenses 1, 18).

Da mesma forma, a oração nos coloca contato direto com o amor de Jesus, para podermos viver em harmonia com Ele. “A oração é cristã enquanto comunhão com Cristo e cresce na Igreja que é seu corpo” (Catecismo § 2565).

Já a esmola precisa ser mais do que aquilo que sobra. Precisa ser um gesto concreto que transforma vidas, garante a dignidade e a vida plena para todos.

Já as obras de misericórdia são as ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais.

Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência.

As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros, sepultar os mortos.

Dentre esses gestos de misericórdia, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna. E também uma prática de justiça que agrada a Deus. (CIC § 2447).
Prepare-se! Como disse no início, convido você a viver a melhor quaresma da sua vida.

BOA PREPARAÇÃO E MUITAS BÊNÇÃOS!

 

Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias

Bispo da Diocese de Lorena/SP