2017-10-11 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – “Quem ama quer conhecer melhor a pessoa amada, para descobrir a riqueza que e esconde nela e que dia a dia aparece como uma realidade sempre nova.” Foi o que disse o Papa Francisco recebendo em audiência na Sala do Sínodo, no Vaticano, no final da tarde desta quarta-feira, os participantes do encontro promovido pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, na celebração pelos 25 anos da Constituição apostólica Fidei depositum.
Francisco ressaltou, logo de início, que o vigésimo quinto aniversário da Constituição apostólica Fidei depositum, com a qual São João Paulo II promulgava o Catecismo da Igreja Católica – trinta anos depois da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II – “é uma significativa ocasião para verificar o caminho percorrido nesse espaço de tempo”.
Dito isso, destacou que o foi, sobretudo, para permitir que a Igreja chegasse finalmente a apresentar, com uma linguagem renovada, a beleza da sua fé em Jesus Cristo, que o Papa João XXIII sonhara e quisera Concílio, “não para condenar os erros”.
Tendo se referido ao Bom Papa João em seu Discurso de abertura do Vaticano II, no qual afirmava a necessidade de que “a Igreja não se aparte do patrimônio sagrado das verdades, recebidas dos seus maiores; mas, ao mesmo tempo, deve também olhar para o presente, para as novas condições e formas de vida do mundo, que abriram novos caminhos ao apostolado católico”, Francisco evidenciou que “o nosso dever – disse citando João XXIII – é não só guardar este tesouro precioso, como se nos preocupássemos unicamente da antiguidade, mas também dedicar-nos com vontade pronta e sem temor àquele trabalho que o nosso tempo exige, prosseguindo assim o caminho que a Igreja percorre há vinte séculos”.
“Guardar” e “prosseguir” foram as palavras destacadas pelo Santo Padre como incumbência que cabe à Igreja por sua própria natureza, a fim de que a verdade contida no Evangelho feito por Jesus possa alcançar a sua plenitude até ao fim dos séculos.
“Tal é a graça que foi concedida ao Povo de Deus; mas é igualmente uma tarefa e uma missão, cuja responsabilidade carregamos: anunciar de modo novo e mais completo o Evangelho de sempre aos nossos contemporâneos. Assim, com a alegria que provem da esperança cristã e munidos do ‘remédio da misericórdia’, vamos ao encontro dos homens e mulheres do nosso tempo para lhes permitir a descoberta da inexaurível riqueza encerrada na pessoa de Jesus Cristo”, acrescentou.
Ao apresentar o Catecismo da Igreja Católica, São João Paulo II afirmava que ele ‘deve ter em conta as explicitações da doutrina que, no decurso dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja. É também necessário que ajude a iluminar, com a luz da fé, as novas situações e os problemas que no passado ainda não tinham surgido’, lembrou o Papa Francisco.
Por isso, frisou ainda o Papa, este Catecismo constitui um instrumento importante não apenas porque apresenta aos crentes os ensinamentos de sempre para crescerem na compreensão da fé, mas também e sobretudo porque pretende aproximar os nossos contemporâneos, com suas problemáticas novas e diversas, da Igreja, comprometida na apresentação da fé como resposta significante para a existência humana neste momento histórico particular.
Assim, acrescentou, não basta encontrar uma nova linguagem para expressar a fé de sempre; “é necessário e urgente também que, perante os novos desafios e perspetivas que se abrem à humanidade, a Igreja possa exprimir as novidades do Evangelho de Cristo que, embora contidas na Palavra de Deus, ainda não vieram à luz”, destacou o Pontífice.
Ao delinear os pontos estruturais da sua composição, o Catecismo da Igreja Católica – disse Francisco – retoma um texto do Catecismo Romano; assume-o, propondo-o como chave de leitura e concretização: «A finalidade da doutrina e do ensino deve fixar-se toda no amor, que não acaba”. O Papa recordou que nesta linha de pensamento há um tema que deveria encontrar, no Catecismo da Igreja Católica, um espaço mais adequado e coerente com as finalidades expressas: a pena de morte. “Esta problemática – disse – não pode ficar reduzida a mera recordação histórica da doutrina, sem se fazer sobressair, por um lado, o progresso na doutrina operado pelos últimos Pontífices e, por outro, a renovada consciência do povo cristão, que recusa uma postura de anuência quanto a uma pena que lesa gravemente a dignidade humana.
“Deve afirmar-se energicamente que a condenação à pena de morte é uma medida desumana que, independentemente do modo como for realizada, humilha a dignidade pessoal”. (RL)
(from Vatican Radio)