Nascer do Alto: parto difícil!

Paz e bênção. Nascer do Alto: parto difícil!

Nicodemos, rabino, fariseu, membro do Sinédrio, vem se encontrar de noite com Jesus, e este lhe vai revelando, com uma pedagogia única, seu mistério profundo – Jo 3, 7b-15. Jesus veio do Alto, de Deus. E precisa ser levantado para que se possa contemplar Nele e através Dele a beleza de Deus, que salvará o mundo. A beleza do amor, da entrega, da Cruz redentora.

À nossa necessidade de luz corresponde a Sua de nos iluminar. É para nascer que se nasceu, para nascer do Alto. Enquanto tivermos atitudes mesquinhas e revanchistas, certo é que ainda não nascemos do Alto, de Deus.

O espírito sopra onde quer (v 8) – Aqui, ‘espírito’ é entendido em sentido original: o vento que move e vivifica tudo, quase misterioso respiro de Deus sobre o universo. Ninguém o vê; contudo, cada um percebe os efeitos e o sente ressoar em todas as coisas. É como o mistério da Palavra, vida de tudo aquilo que existe: não a vemos, mas escutamos a ‘voz’ através dos sábios e profetas, que testemunham a luz. ‘Assim é qualquer um que é gerado pelo Espírito’. Cada um de nós que acolhe Jesus, torna-se como Ele, filho que goza da vida do Pai. De fato, nos dá o poder de se tornar filhos de Deus.

Um entendido da Escritura deveria saber que o Espírito, princípio da criação, é a grande promessa dos profetas para a recriação. Mas, atenção: pode-se conhecer a lei e ignorar o Espírito que a anima; pode-se observar todo preceito e deixar de lado o amor, que é “o” mandamento.

O céu desce sobre a terra, para Se dar a nós. Deus é amor que desce no Filho em direção a todos os irmãos. Ser filho não é objeto de roubo, mas dom do amor.

O Filho do Homem elevado: sobre Ele está aberto o céu, seja para descer como para subir – é somente ele que pode manifestar-nos a Glória e nos mostrar o Pai. Nele está a descida de Deus em direção ao homem e a subida do homem para Deus. A ‘subida ao céu’, da qual fala o v. 14, não é tanto a ascensão ao Pai de Jesus ressuscitado; para João é antes de tudo o seu ‘ser elevado’. “É preciso” que nós nasçamos do alto: por isto “é preciso” que o Filho do Homem seja “erguido”. “Elevado” significa também ser “glorificado” (em Is 52,13 os dois termos estão juntos). Em João, a cruz é apresentada como glória.

Contemplando o Crucificado, somos ‘des-venenados’ da mentira da serpente que nos tirou o conhecimento do Pai e nos fez fugir dele. Nele conhecemos a verdade de Deus e nossa: Ele nos ama e nós conhecemos o amor que tem por nós. Voltando o olhar àquele que transpassamos (19,37), aos pés da cruz, descobrimos esta verdade que nos torna livres (8,32) e nascemos do alto. Como Eva, a noiva, nasce do lado de Adão que dorme, assim a humanidade nova, noiva do sangue do seu Senhor, nasce da ferida do amor do seu Deus.

‘Tenha a vida eterna’. A vida eterna, o dom que Deus faz a todo homem, no Filho do Homem, é o Espírito, o amor entre Pai e Filho, a própria vida de Deus. A própria vida de Deus. Ter o Espírito Santo = viver as opções que marcaram a vida de Jesus Cristo.

Bom dia. Abraço.