Paz e bênção. Não temer!
O tema do Evangelho de hoje (Mt 10,24-33) é o medo que o mal provoca e a coragem que a certeza do bem inspira no coração do discípulo que, como ovelha, segue o caminho do Cordeiro imolado.
O medo, sendo o primeiro motor do agir humano, provoca muitos desatinos, quando deveria ser apenas um freio, justamente evitando esses desatinos. O instinto da autoconservação não é suficiente para viver; mais importante que ele é a confiança no bem. Sem confiança, não damos um passo: podemos não cair no precipício, mas também não chegamos a lugar nenhum, e não vivemos.
É preciso dosar. Precisamos tanto do medo quanto de confiança e ousadia. O Senhor quer despertar em nós uma tal confiança n’Ele que nos livre do medo da morte, que é não só o último inimigo do homem, mas o inimigo que nos escraviza ao longo de toda a vida.
‘A morte é um evento natural: não é um mal, apesar de, por causa do pecado, a vivermos mal! É correto não buscá-la; mas é demoníaco recusá-la. Somos mortais; mas o nosso limite não é o fim de nós mesmos, como teme o nosso egoísmo, mas o início do Outro e da nossa comunhão com Ele’ (Fausti).
Deixemo-nos guiar pelo Espírito de Jesus, que, vencendo o temor, deu a vida por nós (2Cor 5,14).
No início e no fim de nossa vida está o Pai, que nos ama. À medida que amamos, expulsamos o temor: o perfeito amor expulsa o temor (1Jo 4,18). Se o Evangelho de hoje insiste tanto em ‘não temer’, é justamente porque estamos paralisados pelo medo. Confiemos! Ousemos, agarrados no Pai, como Jesus fez e nos ensinou – aquecidos, iluminados, conduzidos e blindados pelo Espírito Santo. ‘Tudo posso naquele que me fortalece’ (Fl 4,13).
Bom dia. Abraço. Grato pelas preces.
Dom João Inácio Müllher, ofm
Bispo de Lorena