Jubileu da Vida Consagrada, na Catedral de Lorena

vida consagradaDepois da apresentação do Pastor aos pastores, do Salvador, Cristo e Senhor, aos humildes, Jesus é apresentado oficialmente ao povo, ao qual foram dados a Lei, o Templo e a Profecia. A circuncisão simboliza a pertença ao povo que se comprometeu com Deus a reconhecê-lo como Deus. O Menino recebe oficialmente o nome de ‘Jesus’, que quer dizer ‘Deus salva’. O Senhor e Salvador visita o seu Templo, submetendo-se como homem à obediência do Pai, ao qual temos desobedecido. Vem pagar a nossa dívida, oferecendo-se Àquele que nos ofereceu tudo. A festa da Apresentação do Senhor teve origem no Oriente, celebrada como a festa do Encontro. Na Gália, mostrava-se como a festa das luzes. Devido à bênção e à procissão das velas (‘candela’ em latim), tomou o nome de ‘candelária’. Por um lado a Apresentação do menino Jesus no templo encerra as celebrações natalinas; por outro, a profecia de Simeão a Maria acena à celebração da Páscoa.

Hoje, a Igreja celebra a Vida Consagrada. O Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Vaticano com religiosos e religiosas, encerrando o Ano dedicado à Vida Consagrada e Celebrando o Jubileu da Vida Religiosa Consagrada. Nós, aqui na nossa Diocese de Lorena, igualmente, celebramos o encerramento do Ano da Vida Consagrada e o Jubileu dos Religiosos e das Religiosas em nossa Diocese.

Os Religiosos e religiosas são homens e mulheres consagrados ao serviço do Senhor, que exercem na Igreja a estrada de uma pobreza forte, de um amor casto, que os leva a uma paternidade e maternidade espirituais para toda a Igreja, e uma obediência ao coração do Evangelho. Eis a vocação dos chamados à Vida Religiosa Consagrada.

Ontem, por ocasião do encerramento do Ano da Vida Consagrada, mais de cinco mil religiosos participaram de audiência com o papa, na Sala Paulo VI, no Vaticano. Durante a audiência, o papa Francisco disse que a Vida Consagrada deve conduzir à proximidade física, espiritual e conhecer as pessoas. Lembrou, ainda, que “seguir Cristo significa carregar sobre si o ferido que encontramos ao longo da estrada, ir à procura da ovelha perdida, estar próximo às pessoas, partilhar suas alegrias e suas dores, mostrar com o nosso amor o rosto paterno de Deus e o carinho maternal da Igreja”. 

A nossa Diocese têm a graça e o presente de várias espiritualidades de Vida Consagrada. São sabores da doçura do Evangelho. As várias ‘formas’ de consagração representam os diferentes carismas difundidos pelo Espírito na Igreja, em nossa Igreja Particular. Sou grato, a nossa Diocese é grata a cada Carisma presente nesta Diocese de Lorena. Vocês são presença e atualização da vida de Jesus Cristo para nós. Quando alguém de nós não mais se lembra direito do rosto de Deus, do Rosto de seu Filho, ou não sabe como é o céu, deve ir e olhar o rosto de vocês, deve ir e olhar o modo como vocês vivem o dia-a-dia, deve olhar para onde o olhar de vocês insiste em mirar.

Eu estou convencido que os Religiosos são por Jesus chamados para privarem com Ele, e por Ele serem enviados.  São pessoas com as velas acesas, simbolizando a entrega de suas vidas a Deus, cuja paixão carregam em seu corpo. São pessoas que contemplam neste mundo a presença do Senhor, e bradam em seu coração, como o velho Simeão: “Senhor, meus olhos viram e veem a tua salvação, salvação que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo”. Vivem, pois, diante do Senhor, contemplam no aqui e agora o invisível, e realizam a Sua vontade no cuidado da vida fragilizada; são moldura da misericórdia de Deus.

A pessoa chamada à vida consagrada – como Maria Santíssima, como Clara de Assis -, é pessoa “apressada”! Deseja viver, desde já, a realidade do Céu. Sim, vive o Reino.

Quando tantos põem sua segurança nas posses e a elas se apegam, os consagrados a Deus querem relativizar o ídolo do ‘ter’ a qualquer custo, assumindo um estilo de vida simples e pobre, confiando-se à Providência de Deus. São homens e mulheres livres em relação às coisas, para ajudar a todos com a lição da partilha e da comunhão dos bens.

Os Consagrados aceitaram ser sinais de Deus em todos os tempos. Ou, como gosto de dizer: são amostra grátis do céu!

Eis, pois, o convite, em especial, aos adolescentes e jovens, rapazes e moças: Deus tem um olhar pessoal e intransferível para cada um de vocês. Por que os outros são chamados e não eu? Talvez nosso Senhor diga: “desde o ventre materno eu te escolhi, tu és meu! Vem e segue-me!”

A vocês, Consagrados, pessoas de Deus, propriedade Sua, que a vocês chegue o estímulo à fidelidade. A Igreja toda, a nossa Diocese, cada um de nós aqui presente, precisamos de vocês! Agradecemos pelo Sim, pela entrega e dedicação constante de suas vidas no amor ao Esposo, Cristo. Deixem a Luz do Menino brilhar em suas vidas. Precisamos disso! Olhem para Maria, aquela que é toda revestida da Palavra de Deus, o ‘Grande Sinal’ que realiza plenamente a vocação da Igreja. Nela está o dever-ser que a Igreja e o mundo esperam das pessoas consagradas.

Agora, há pouco, nosso Papa dizia: “Os consagrados e as consagradas são chamados a ser sinal concreto da proximidade de Deus, desta partilha com a condição de fragilidade, de pecado e de feridas do homem do nosso tempo”. E convidou os Consagrados a olhar o belo que Deus semeou na vida de cada Irmã, cada Irmão. Nada de difundir as fragilidades. Falemos das maravilhas de Deus!

Deus lhes dê perseverança alegre. Rezo para que Nossa Senhora da Piedade vele por cada um dos senhores e cada uma das senhoras. Que vocês vivam admirados de Deus. Que o estupor das maravilhas do Altíssimo por nós seja um constante na vida de vocês.

 

Parabéns! Gratidão. Deus lhes pague e abençoe.

 

Dom João Inácio Müller, Bispo de Lorena SP.

02/02/2016