1. Estamos começando a última semana na celebração da história da vida, morte e ressurreição de Jesus: é a Semana Santa. Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele; todos falam dos prodígios que realizou, Ele é o único assunto e notícia. Ergue-se um grito de louvor: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” (Mt 21, 9).
Temos em Jerusalém multidão, festa, louvor, bênção, paz: respira-se clima de alegria. Papa Francisco lembra que “Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Ele soube compreender as misérias humanas, mostrou o rosto misericordioso de Deus, inclinou-Se para curar o corpo e a alma”.
2. Este é Jesus: Jesus é Deus. Deus é este Jesus. O coração de Jesus olha para todos nós, olha nossas doenças e nossos pecados. É grande o amor e o bem querer de Jesus. E assim, Ele entra em Jerusalém com este amor, e olha para todos nós. Ele vê a profundidade de cada pessoa. A luz do amor de Jesus aquece o coração das pessoas; elas se sentem próximas, amadas e cuidadas por Ele.
3. Pelo fato de estarmos nesta Missa, também nós acolhemos nosso Senhor. Agitamos os nossos ramos e lhe prometemos fidelidade: reconhecemos nele nosso Rei e salvador. Falamos que Ele pode contar conosco: somos os seus servos, seus discípulos. Queremos acompanhá-Lo, senti-Lo perto de nós, presente em nós e em meio a nós, como farol luminoso da nossa vida. Jesus é Deus, Deus que se abaixou para caminhar conosco. Ele é quem nos ilumina no caminho. Ele nos diz que assim como Ele se fez pequeno e próximo, assim nós podemos e devemos fazer: não é vergonhoso ser simples e se abaixar para abraçar e cuidar de nosso irmão – Jesus assim fez! Nada de ficar longe dos outros. A outra pessoa nos merece; ela tem tanto valor que merece que eu vá até ela e jogue toda minha vida por ela, assim como nosso Senhor jogou toda a sua vida por nós, nada de se guardar para si mesmo. Quando penso nisso, gosto de dizer que Deus nos mostra que Ele tem um Deus: somos nós. Quem faria tanto por nós quanto Cristo? Só para Deus se faz tanto. Que lição nosso Senhor nos dá. Vamos, pois, cuidemos, amemos a outra pessoa. Ele nos deu o exemplo para que nós o façamos mesmo. O caminho está aberto. Sigamos Jesus! Sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega. Nós só entraremos no céu com as mãos e os ombros carregados de pessoas que tivermos ajudado.
4. Jesus entra em Jerusalém. Por que Jesus entra em Jerusalém? Como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não manda as pessoas se calar, pois Ele é rei e sabe disso. Mas, que tipo de Rei é Jesus? Vejamo-Lo: monta um jumentinho, não tem uma corte que o segue, não está rodeado de um exército, símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes, simples, que têm o sentido de ver em Jesus algo mais; tem aquele sentido da fé, que diz: Este é o Salvador. Jesus não entra na Cidade Santa para receber as honras reservadas aos reis terrenos. Ele entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma vara, um manto de púrpura; a sua realeza será objeto de escárnio; entra para subir ao Calvário carregado em madeira: a Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que brilha o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! Por que a Cruz? Porque Jesus toma sobre si o mal, a sujeira, o pecado do mundo, também o nosso pecado, de todos nós, e o lava, lava-o com o seu sangue, com a misericórdia, com o amor de Deus. Jesus toma sobre si também o pecado do Tráfico de pessoas, realidade que confessamos por toda a Quaresma. Na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Este é o bem que Jesus faz a todos nós no trono da Cruz. Lembra Papa Francisco: “A cruz de Cristo abraçada com amor nunca leva à tristeza, mas à alegria, à alegria de ser salvos e de fazer um pouquinho daquilo que Ele fez naquele dia de sua morte”.
5. Todos sabemos: o Rei que seguimos e que nos acompanha é muito especial: é um Rei que ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E nós não devemos ter vergonha de amar e cuidar das pessoas que precisam de nós. Isto significa não ter vergonha da sua Cruz! Existimos para crescer na semelhança com Deus: como ele fez, façamos nós também. Isto dá alegria e tira da depressão e aflição, tira da doença e cura nossa alma e nossa carne também. Somos feitos para ajudar os outros a carregar a cruz. Quem só pensa em si não cheira bem para Deus, pois não tem o bom perfume de Cristo, não está carregado com a cruz. A cruz é portadora de bom perfume; é o perfume que Jesus usava todos os dias. E ele sempre andava bem perfumado – todos gostavam da sua proximidade logo sabiam por onde andava.
6. Cristo se entrega por nós. Que nós, a exemplo de Cristo, nos entreguemos pelos outros. Que Nossa Senhora das Dores, a Senhora da Piedade interceda por nós e nos ensine a usar e a gostar do perfume que Jesus usava e que tanto agrada a Deus: a sua santa Cruz, vida doada. Que a Senhora das Dores nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Amém!