Paz e bênção. Homilia para hoje.
Miguel (Quem é como Deus?) é o arcanjo que se insurgiu contra satanás e seus seguidores, é defensor dos amigos de Deus, protetor de seu povo.
Gabriel (Força de Deus) é um dos espíritos que estão diante de Deus, revela a Daniel os segredos do plano de Deus, anuncia a Zacarias o nascimento de João Batista e a Maria o de Jesus.
Rafael (Deus cura) é um dos sete anjos que está diante do trono de Deus, acompanha e protege Tobias nas peripécias de sua viagem e cura-lhe o pai Tobit, cego.
Nossa Igreja – Mãe e Mestra -, peregrina sobre a terra, especialmente na liturgia eucarística, associa-se às multidões dos anjos que na Jerusalém celeste cantam a glória de Deus.
Hoje, com toda a Igreja, celebramos a festa litúrgica dos santos Arcanjos. Quem está conosco nesta liturgia? Conosco está a Igreja militante, que peregrina sobre a terra, a Igreja padecente, que está em purificação no purgatório, e a Igreja triunfante, que está na glória celeste, com todos os anjos, arcanjos e santos, na comunhão eterna com Deus. A presença dos Anjos e Arcanjos é sempre uma presença discreta, pois eles são os mensageiros de Deus. Nós podemos e devemos nos confiar à sua poderosa proteção.
Para nós, devotos, é bom saber, a festa em honra a São Miguel é antiga. Nossos irmãos e irmãs na fé, já no século V, celebravam, em Roma, a 29 de Setembro, o aniversário da dedicação de uma basílica em honra do Arcanjo S. Miguel. Ultimamente, depois da reforma litúrgica recomendada pelo Concílio Vaticano II, acrescentou-se a memória de outros Arcanjos e de ‘todas as potências incorpóreas”.’
Honrando os Arcanjos, exaltamos o poder de Deus, Criador do mundo visível e invisível. É o que rezamos no Prefácio da Missa de hoje: “É a Vós que glorificamos, ao louvarmos os anjos, que criastes e que foram dignos do vosso amor. A admiração que eles merecem nos mostra como sois grande e como deveis ser amado acima de todas as criaturas”.
Da Profecia de Daniel, ouvimos que ao profeta é concedida a visão dos eventos futuros, sobretudo, a participação no juízo de Deus sobre eles e sobre toda a história. Para além das aparências, os poderosos deste mundo não são nada; o Senhor é o único e verdadeiro rei. Para todos, é motivo de honra poder servi-Lo, realizando a Sua vontade, como o fez Maria Santíssima, que respondeu a Gabriel, após o anúncio de que seria Mãe do Filho do Altíssimo: ‘Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra’.
No Evangelho, Jesus continua seu caminho à busca dos que, até sem sabê-lo, O procuram. Na verdade, às vezes, é Jesus que chama; outras vezes, é alguém que já pertence ao grupo de Jesus que chama. Cada encontro tem sua particularidade. Cada vocação é diversa, mas a destinação é a mesma: o Encontro com Jesus.
Filipe dissera a Natanael: ‘Vem e vê’! Há uma visão da realidade que vai além da imediata percepção. É o que nos revela Jesus, que ao ver Natanael aproximar-se, exclama: “Vi (à letra) um israelita…”. O seu ver é um conhecimento profundo do homem e da sua história. É deste ser visto/conhecido (amado) que nasce a abertura à fé e a disponibilidade para o seguimento (v. 49). Só então Jesus pode prometer ao discípulo a entrada numa visão da realidade semelhante à que Ele mesmo tem: “Maiores coisas do que estas hás de ver! Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo pelo Filho do Homem” (vv. 50s.). O discípulo poderá compreender a imensa profundidade do mistério de Cristo que abrange o cosmos e dá sentido à história, e a cujo serviço cooperam miríades de anjos.
O mundo transcendente de Deus – o céu – está agora aberto: em Jesus, Filho do homem, Deus desce ao meio dos homens e os homens podem subir até Deus. Os anjos são ministros deste ‘admirável comércio’, desta inesperada comunhão.
Os Anjos são seres misteriosos; estão ao serviço do Filho do homem, isto é, de Jesus de Nazaré. Todos nós entramos no projeto sonhado por Deus e estamos ao seu serviço; somos construtores da história que tem Cristo no centro e no fim. A caminhada avança na luta, com conflito implacável com as forças do mal que, todavia, jamais poderão destruir o reino que Deus confiou ao Filho do homem. O combate durará até ao fim dos tempos, tendo à frente, na primeira linha, os santos anjos de Deus: os arcanjos, guiados por Miguel, e todas as criaturas espirituais fiéis ao Senhor.
Todos somos chamados a combater o bom combate, para apressar a realização do reino de Deus. Se oferecermos o nosso humilde contributo, receberemos um olhar interior puro. Então contemplaremos a Misericórdia que abriu os céus e veio morar entre nós para nos abrir o caminho para o Pai onde, com os anjos, partilharemos a sua intimidade. Ele revelou-nos o mistério do homem para que, com os anjos, aprendamos a ir ao encontro dos irmãos. Introduziu-nos no seu Reino, para que, tornados voz de todas as criaturas, cantemos eternamente, com o coro angélico, a glória de Deus.
São Miguel, defendei-nos no combate!
Dom João Inácio Müller,ofm
Bispo diocesano de Lorena SP.