Paz e bênção. Escravidão dos olhos. Você tem essa doença?
O Evangelho de hoje (Mt 6,1-6.16-18) nos oferece três lições práticas: orar sem aparecer; jejuar sem fazer alarde; dar esmola sem pôr no jornal. E nos traz uma revelação: Deus é mistério, não cabe em nossas representações, criado à imagem e semelhança de Deus, sempre pode surpreender!”
As nossas ações podem ser feitas de duas maneiras opostas: ou para nos gratificarmos a nós mesmos, receber elogios dos outros e, assim, termos a nossa paga ou para a glória daquele que se alegra em nos louvar e nos reconhecer como filhos e filhas. Ou escolhemos a nós mesmos até ao desprezo de Deus, ou escolhemos a Deus até ao desprezo de nós mesmos (como ensina Santo Agostinho).
Para viver precisamos do olhar do outro. Quem não é visto não é lembrado. Toca a nós, porém escolher o olhar de quem precisamos para viver: o olhar de Deus ou o olhar das pessoas. Quando escolhemos o olhar de Deus, libertamo-nos da vanglória e damos glória ao único que é digno dela e que nos dá a verdadeira glória, a única de que precisamos para nossa realização. Quando fazemos questão do olhar dos outros somos um espelho na frente de outro espelho: só refletimos o vazio… e as molduras, isto é, os próprios limites. O bem só precisa de um reconhecimento: o de Deus, que aprova a nossa consciência.
Ações boas devem nos fazer melhores, devem ser boas também para nós. E só são boas para nós se nos fizerem melhores. Para tanto, devo praticá-las ‘diante de Deus’, em amor e humildade. Coisas boas se tornam más quando feitas ‘diante dos homens’, por autoafirmação e vaidade.
Há pessoas que têm a doença da ‘escravidão dos olhos’: ophtalmodoulía (Ef 6,6). É a necessidade do olhar dos outros, da aprovação alheia. Só a certeza de sermos amados por Deus nos liberta desse mal invisível que nos faz escravos do olhar dos outros.
Bom dia. Abraço.