Ele vive em nós

Paz e bênção. Ele vive em nós.

Jesus aparece de surpresa aos discípulos. Ficam assustados: seria um fantasma? Absolutamente. O Ressuscitado é o mesmo Jesus que eles conheceram, com quem eles comiam e bebiam, que morreu na cruz. O ponto de chegada da ressurreição é Jesus glorificado, mas seu ponto de partida é Jesus crucificado. É com o Crucificado Ressuscitado que vamos nos encontrar nesta Eucaristia – Lc 24, 35-48.

Chave de toda a leitura e síntese da Escritura (“assim está escrito”, v.46), é o Crucificado, que nos oferece a visão de um Deus que é amor e misericórdia infinita. A sua ressurreição é quase um corolário, que confirma por um lado a sua divindade e por outro lado o dom que veio a nos trazer.

Em seu nome se anuncia a todos a conversão e a remissão dos pecados (v.47). Nele, na verdade, vemos a verdade daquele pelo qual a mentira nos afastou e voltamo-nos a ele, que é a nossa vida. Aos pés da cruz cessa a nosso medo de Deus e a nossa fuga dele, porque vemos que ele desde sempre está voltado para nós e desde sempre nos perdoa. Os discípulos serão testemunhas disto (v. 48): farão conhecer a todos os irmãos o Senhor Jesus como novo rosto de Deus e salvação do homem.

A força deste testemunho é o Espírito Santo, o poder do alto (v.49). Como desce sobre Maria, descerá sobre eles (1,35; At1,8; 2,1ss.33). A encarnação de Deus na história não só continua, mas atinge assim o seu estágio definitivo. Estamos nos últimos dias (At 2,17) nos quais se vive aquilo que permanece para sempre. Deus tornou perfeita a sua solidariedade para com o homem: nos tempos antigos foi “diante de nós” como lei para nos conduzir à terra prometida: no tempo de Jesus foi “conosco” para nos abrir e nos ensinar a estrada ao Pai; agora, no tempo da Igreja, está “em nós” como vida nova. O Pai em seu amor nos doou o Filho; o Filho, no mesmo amor, nos doou o seu Espírito. Agora o espírito é a nossa vida plena no Filho, no qual amamos o Pai e os irmãos. A semente já está plantada e germinou. Deve crescer e atingir a plenitude do seu fruto, até quando Deus será tudo em todos (1Cor 15,28). Então haverá a festa do reencontro.

Bom dia. Abraço.