Fazendo memória da instituição do memorial da paixão e morte do Senhor, vivido e celebrado pela Igreja na liturgia da quinta-feira santa, vivemos na quinta-feira depois da festa da Santíssima Trindade a solene Festa de Corpus Christi, ou seja, a festa do Corpo de Cristo, presente na hóstia consagrada em cada celebração da Santa Missa, o que se torna para nós sinal da sua presença, e, por isto objeto de adoração e louvor.
Neste dia, acontece em todo mundo a procissão com o Santíssimo Sacramento, que tem início ao final da celebração, quando após a conclusão dos ritos finais da missa, o sacerdote coloca no ostensório a hóstia consagrada e acompanhado pelos fiéis, caminha pelas ruas da cidade, dirigindo-se a um altar preparado, onde concede a bênção eucarística, e, assim, despede a todos os presentes. Quase em todas as cidades é costume a confecção de belíssimos tapetes coloridos, feitos de material natural ou reciclável em sinal de homenagem e reverência ao Cristo, que como em Jerusalém, montado num jumentinho vem ao nosso encontro para cumprir o projeto de amor de Deus.
Esta solenidade, fruto de uma revelação particular de uma monja, que assegura ter sentido em seu coração que, assim como o céu sem a lua fica incompleto, o calendário litúrgico da Igreja também estava incompleto porque faltava uma festa – A Festa do Corpo de Cristo, foi aprovada e acrescentada as solenidades do Senhor que acontecem durante o ano litúrgico, no ano de 1254 logo após o milagre eucarístico de Bolsena, na única missa que até hoje não terminou, pois no momento da celebração, quando elevou a hóstia consagrada, o sacerdote percebeu que dela vertiam gotas de sangue, que tingindo o corporal, atingiram o mármore do altar e escorreram pelos seus braços.
Perturbado, aquele sacerdote saiu pelas ruas, e, atrás dele seguiu o povo impressionado com o fato que presenciava, e foram em direção ao Papa que se encontrava visitando uma paróquia nos arredores da pequena cidade Italiana de Bolsena, chamada Orvieto, portando o corporal ensangüentado. Tendo diante dele o padre em lágrimas com o corporal, o Santo Padre Urbano IV ao ver as gotas de sangue no tecido, prostrou-se por terra e com a voz embargada pela emoção, exclamou: Corpus Christi.
No mês de agosto daquele mesmo ano, tendo assinado a Bula Transiturus de Mundo, o mesmo Papa Urbano IV ordenava que em todo mundo a Festa do Corpo de Cristo, fosse celebrada com uma solene celebração da eucaristia, seguida de procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas, todos os anos após a Festa da Santíssima Trindade, assim chegou até nós esta belíssima tradição, na qual damos um testemunho vivo e público da nossa fé na presença viva e real de Jesus no mistério da Santíssima Eucaristia para o sustento de nossa caminhada de fé.
Vale lembrar, que a festa da Eucaristia instituída na quinta-feira santa e celebrada na festa de Corpus Christi nos impulsiona a um compromisso social com todos os sofredores da nossa sociedade, pois como lembrou São João Paulo II no ano da Eucaristia, a celebração do Mistério Pascal de Cristo nos coloca a serviço dos últimos da sociedade, primeiros no plano de Deus, pois só desta maneira, fazemos acontecer a verdadeira comunhão desejada por Jesus, tornando-nos um com todos os que são a sua Igreja e solícitos àqueles que nela passam necessidades. Não se comunga verdadeiramente a carne de Cristo presente na Eucaristia, sem sentir antes a sua presença no irmão que convive conosco.
Sejamos então sensíveis em perceber a presença do Senhor e solícitos em “eucaristizar”, tornar ação de graças e partilha a nossa vida junto a todos com os quais tivermos contato, pois comendo e bebendo da presença do Senhor, seremos capazes de falar e testemunhar com propriedade a sua presença neste mundo dilacerado por discórdia e tão carente de Deus e, deste modo a festa da Eucaristia, será traduzida em partilha que gera comunhão e cria a unidade na diversidade.
Boa Festa de Corpus Christi – Deus seja contigo…
Seja Feliz – Alegri@