Paz e bênção. Como o Reino está ativo no mundo?
O Reino está ativo no mundo como um grão de mostarda ou como um tiquinho de fermento. O Reino é pequeno como a semente e pouco como o fermento. Mas cresce e faz crescer: Lc 13, 18-21. Sua meta não é o espetáculo nem o triunfo, mas a transformação deste mundo apequenado pelo egoísmo e incapaz de crescer sem o vigor e os valores transformadores do Reino de Deus. O Reino tornado presente por Jesus e pela Sua obra, apesar dos começos débeis e contrastados, tem um futuro de fecundidade, pois contém uma potencialidade enorme: a de Deus.
Deus, no final, fará triunfar as sementes de bem, de que está salpicada a História da Humanidade. Insucessos e perseguições não impedem a caminhada do Reino em direção à realização escatológica, garantida pelo próprio Senhor.
Sem o discernimento da fé é impossível perceber a presença do Reino. Atua na história conforme o estilo de Jesus, que nasceu pobre, viveu pobre e morreu pobre, imerso na irrelevância religiosa e política. O Reino de Deus, preferencialmente destinado aos pequenos, pecadores e pobres, aos olhos dos grandes, justos e prósperos, é uma realidade insignificante e destinada à falência. Uma massa imunda e desprezível! O Reino, dado aos pecadores, aos olhos dos justos – de ontem e de hoje – é como o fermento: um pouco de farinha que estragou! Mas que tem a força de transformar em pão leve e saboroso a massa seca e dura do trigo considerado bom.
Se quisermos perceber a presença do Reino, precisamos lançar o nosso olhar sobre aquilo que aparentemente não conta. Deus, o Deus diferente de Jesus, realiza o seu plano com o que é pequeno, desprezado, nada (cf. 1Cor 2, 4ss). Na cruz e morte de Nosso Senhor está o vigor da semente. Foi jogado fora e ressurge. Deus é assim. O Reino é assim. Quem é do Reino assim conduzirá o seu existir. Da cruz, Jesus foi pego e escondido depressa, como algo imundo, para celebrar a festa que se aproximava. Daqui, do sepulcro estourou a vida.
O fermento do Reino é muito diferente do fermento dos fariseus: no lugar do medo da morte, o amor do Pai; no lugar da acumulação, o dom; no lugar do ladrão que rouba a vida, o Esposo que bate à porta para o encontro das núpcias. Por isso, é preciso discernir. O Reino nem sempre está onde pensamos que esteja ou onde parece que esteja. É preciso discernir.
Bom dia. Abraço.
Dom João Inácio Müller, ofm
Bispo diocesano de Lorena SP