Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus (Mt. 26,9)
Estamos vivenciando o Ano da Paz. Somos convidados a questionar as formas de violência existentes em nossa sociedade e a promover iniciativas que favoreçam uma cultura da paz. Nas palavras do Papa Francisco: “a Igreja pode ser um modelo para a paz no mundo”[1]. No seio da Igreja brotam diversas vocações, cada qual dá sua resposta a Deus, contribuindo assim na edificação do Reino instaurado por Jesus entre os homens. Se caminhamos nos passos de Jesus de Nazaré, o Príncipe da Paz (cf. Is. 9,6), seremos este modelo autêntico da paz almejada.
Em vista deste mês vocacional queremos propor uma reflexão sobre a importância de cada vocação na promoção da paz. Como filhos do Deus da Paz (cf. Rm 15,33) somos chamados a expressar este dom de Deus que se manifesta nas diferentes formas de vida. Bispos, padres, diáconos, religiosas e religiosos, leigos e leigas, somos todos membros do Corpo de Cristo, devemos deixar-nos conduzir por aquele que é a Cabeça. Ele disse-nos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14,27).
Os pastores em suas comunidades, atentos às necessidades do rebanho, devem ir ao encontro daqueles mais necessitados. Tantas são as situações em que os conflitos parecem sem saída. Ser sinal de Deus nestes contextos é um verdadeiro alívio para as pessoas, um refúgio em tempos difíceis. Não existe verdadeira paz se fechamos os olhos para os males que estão ao nosso redor. Promover a paz exige transformação interior e exterior, isto é, que nos movimentemos saindo de nosso comodismo em vista do bem ao próximo.
Também os religiosos e religiosas – na diversidade de carismas suscitados pelo Espírito – devem viver a radicalidade do Evangelho. Deste modo poderão brilhar no mundo como arautos da paz. Nas escolas, hospitais, abrigos, em tantos espaços onde se fazem presentes, são verdadeiros homens e mulheres consagrados ao serviço a Deus e aos irmãos. Seu testemunho de vida fidedigno e alegre revela o projeto salvífico de Deus para a humanidade. Estes irmãos e irmãs em Cristo mostram ao mundo esta fraternidade que derruba todas as barreiras de inimizade (cf. Ef. 2,14). São um sinal escatológico do Reino de justiça e paz que começa na história.
Inclusive as famílias são muito importantes no testemunho desta cultura da paz. “Na família, como numa igreja doméstica, devem os pais, pela palavra e pelo exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e favorecer a vocação própria de cada um, especialmente a vocação sagrada”[2]. Bons pais e mães educam pelo amor. Bons filhos correspondem ao amor de seus pais com esta mesma medida. Deste modo, as famílias causam admiração pelo seu testemunho de vida, despojada de interesses mundanos, e por isto repleta da presença de Deus que é amor (cf. 1 Jo 4,8).
Agradeçamos a Deus que nos abençoa com tantos dons, tantas vocações que tornam o mundo melhor, pois cada qual – como parte desta Igreja peregrina – é importante no testemunho de santidade do povo cristão. Como nos diz o Evangelho: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt. 26,9). Portanto, vivamos bem nossa vocação, sejamos promotores da paz, assim seremos reconhecidos como filhos e filhas de Deus.
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[1] Evangelii Gaudium, n. 130
[2] Lumen Gentium, n. 11.