Paz e bênção. A quem iremos, Senhor?
Comer a sua carne e beber o seu sangue nos faz viver do seu amor para com o Pai e os irmãos. Agora que se revelou plenamente, pede adesão a ele. Porém, encontra o muro da incredulidade não só junto aos judeus, mas também junto aos discípulos. São colhidos por uma crise que conduz muitos a se afastar dele – Jo 6,60-69.
É um diálogo serrado entre Jesus e os seus, colocados em crise pelo fato que o pão do qual se vive é a sua “carne dada para a vida do mundo” (v.51). A salvação do homem passa através da cruz do Filho do Homem! Nem mesmo Pedro a aceitou e nenhum dos discípulos a compreendeu. O escândalo, que tocou os discípulos diante das predições da paixão, atinge também a nós, diante da eucaristia. De fato, comer a sua carne e beber o seu sangue nos assimila a Ele. O escândalo é duplo: por uma parte Jesus não realiza, mas inverte os nossos sonhos messiânicos, por outro lado nós somos chamados a ser como Ele. Ao invés do Messias glorioso, que tem na mão tudo e todos, Jesus se coloca nas mãos de todos, como pão. Ao invés de dominar, coloca-se a serviço, e a sua realização é a sua morte, na qual oferece a sua vida por amor.
Nos vv.60-63 Jesus confirma, sem meios termos, o escândalo da cruz. Nos vv. 64-66 denuncia a incredulidade de alguns discípulos, que depois se tornam “muitos” (vv. 64ª-66); Nos vv.67-69 provoca os Doze a reconhecê-lo, junto com Pedro, como o Santo de Deus, que tem palavras de vida eterna. Contudo, até entre eles, Jesus sabe que tem um traidor.
Esta crise colhe muitos daqueles que no início o seguiram com entusiasmo, até quando viram que não realizava as suas expectativas. A mesma crise, embora inadvertidamente, atinge todo discípulo que não vive aquilo que celebra na eucaristia. A eucaristia, de fato, pode ser um puro fazer Memória do Senhor, sem fazer aquilo que ele fez. Por isto, na última ceia, João não narrará a instituição da eucaristia, mas o lavar os pés (13,1ss), para mostrar o que essa comporta para a vida de todo dia.
Pedro ama verdadeiramente Jesus e suas palavras, mesmo se não as compreende. A sua declaração – “A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna” – é o início de fé, que se completará na experiência sucessiva, através de fugas e negações. Só depois entenderá quem é Jesus e o que significam as suas palavras.
Bom dia. Abraço.