Paz e bênção. A pessoa madura se doa, é graça para os outros.
Para falar do Reino, Jesus escolhe palavras do dia-a-dia da vida, afinal, as leis do espírito e as leis da natureza coincidem. O mistério tudo habita. É próprio da natureza ser dom. Deus age propondo, sendo amor ativo. Todo o criado é permeado pela lei do dar, não do reter para si; assim, a pessoa humana. Nós nos desfiguramos retendo e privando dos outros o necessário, e somos divinos e normais quando doadores. Afinal, o fruto, quando está maduro, dá-se e se entrega, como Jesus diante da paixão: Ele se entrega. Assim, a pessoa humana é madura quando está pronta para se doar, para se entregar, para ser vida para os outros, para ser pedaço de pão bom para a fome de alguém.
Nas parábolas do Reino há crescimento da vida. Deus fez tudo a partir do Seu profundo: tudo é criado para sair, sempre em direção à vida. Assim Jesus define a razão da sua vinda a este mundo: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Quando Deus recebe espaço tudo entra na dinâmica de crescimento, mesmo partindo de sementes minúsculas. Onde há morte e sangramento da vida, ali Deus é negado, excluído, jogado fora – Mc 4, 26-34.
Esta parábola derruba completamente uma religião confiada a ‘mim’ mesmo e fruto de ‘minha’ valorização. Desintoxica-me e me impele a abandonar o caminho farisaico e atravessar o Mar Vermelho, longe de uma justiça que provém de mim. O Filho de Deus, nesta parábola, proclama a si próprio. Esta semente é o próprio Jesus, que já foi colocado sob a terra e já germinou na ressurreição. O seu reino cresce inevitavelmente. Cresce, porém, segundo o estilo iniciado por Jesus, e que a parábola nos descreve. Isto nos mostra os ‘critérios de discernimento’ do reino de Deus: isto se realiza, por nós como também por Jesus, somente nas penas, nas provações, no ocultamento, na paciência, na pequenez e humildade, onde se manifesta o poder e a fidelidade de Deus. O reino de Deus é totalmente obra sua, é obra de Deus, não do homem. Qualquer esforço humano seria inútil, como se alguém quisesse levantar-se da terra puxando-se pelos cabelos…
Depois do cansaço e do sofrimento da semeadura, não se tem nada a fazer senão esperar com paciência e ter confiança. Diria Santo Inácio de Loyola: “aja como se tudo dependesse de ti, sabendo, pois, que na realidade tudo depende de Deus”.
Abençoado Domingo. Abraço.