Paz e bênção. “A minha paz eu vos dou”! Jo 14,27.
No Antigo Testamento, a paz tinha um significado mais denso do que lhe dão em geral as línguas ocidentais. Significava a plenitude de vida e de salvação, a perfeição e alegria, o êxito em todo empreendimento e a realização dos desejos. Na história da salvação ela assumia um profundo sentido religioso; significava a realização das esperanças messiânicas, o resultado da aliança entre Deus e seu povo, a conquista definitiva de uma comunhão sem fim entre eles. Componente essencial e bem supremo da ‘paz’ era a presença de Deus no meio de seu povo. Portanto, os apóstolos não devem perturbar-se, se Jesus lhes fala de partida, porque esta coincidirá com a renovada presença do Mestre no meio dos seus.
A paz está estreitamente ligada ao mistério de Cristo e à lógica de vida. A paz proposta por Jesus move-se segundo uma lógica precisa: a lógica da Cruz-ressurreição. O homem quereria realizar a paz através do poder, do domínio e da imposição. O caminho de Cristo, pelo contrário, funda-se no gratuito, no serviço e na proposta, rejeitando a lógica do ‘dar e receber’. Jesus é original: morreu por aqueles que o estavam para crucificar. Procedendo assim, revelou-nos que é Deus – Deus é amor e perdoa sempre – e como os crentes devem orientar-se: viver na lógica da doação e do perdão.
A paz dada por Jesus está ligada à Sua presença, não está na ausência da Cruz, mas sim na certeza da sua vitória: “Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
Bom dia. Abraço.
Dom João Inácio Muller,ofm
Bispo de Lorena SP