Paz e bênção. Ausência e presença do Senhor – Jo 16, 16-20.
Jesus apresenta a história dos discípulos como um tempo no qual Ele está ausente e, ao mesmo tempo, se torna presente. As suas afirmações referem-se certamente à iminente Paixão/ressurreição, mas incluem também uma perspectiva eclesial: a atenção do texto está orientada para os crentes que se encontram a viver entre o ‘já’ (a história de Jesus) e o ‘não ainda’ (a plenitude que está para vir).
A vida do crente está sob o signo da alegria evangélica, não do pranto ou da aflição. O Evangelho convida-nos a olhar para o Crucificado e a compreender a lógica da Sua vida. A alegria evangélica não está na ausência da Cruz, mas em compreender que a Cruz não é uma derrota definitiva, é só uma passagem necessária.
A alegria do mundo é fugaz: baseada no ter, poder e curtir. A outra alegria é mais profunda: nasce da paciência de amar e de aprender a amar. Uma alegria que não desdenha as mil alegrias do mundo, que não despreza nada, mas sabe ir em profundidade para ligar-se ao que não passa e não pode desiludir.
Com a ascensão, Jesus com o Pai vem estabelecer a morada em nós (Jo 14,23). Ao mesmo tempo, a passagem de Jesus para o Pai não é apenas uma partida que deixa os discípulos ‘no exílio longe do Senhor’, como diz Paulo (2Cor 5,6); mas é também um modo novo de viver a revelação: mediante a fé, a presença do Espírito, a sua Palavra, o serviço dos irmãos, a refeição eucarística, nós antecipamos a Sua vinda. Tudo isto na alegria, na fraternidade. Não para desvalorizar as dificuldades da vida, mas para proclamar que nelas está presente Jesus Ressuscitado.
Bom dia. Abraço.
Dom João Inácio Müller
Bispo de Lorena -SP