Paz e bênção. O homem pode captar o coração de Deus.
O Espírito permite aos crentes penetrar na profundidade da Escritura na qual estão contidas, na linguagem dos homens, as palavras de Deus e da qual, segundo a bela expressão de São Gregório Magno, o homem pode ‘captar o coração de Deus’. Afirma a Dei Verbum, 12: ‘a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com o mesmo Espírito com que foi escrita’.
Antes da Sua paixão, Jesus anuncia o Espírito Santo e vai desenhando seu papel e sua ação no meio da comunidade de fiéis. No Evangelho de hoje (Jo 16, 12-15), mostra que no plano de salvação construído pelo Pai, o Espírito é parte integrante, fazendo com que os seguidores de Jesus possam compreender o sentido de tudo o que passou e levar adiante o testemunho dado pelo Filho. A celebração da Santíssima Trindade mostra a união entre as três pessoas divinas; o projeto do Pai no AT foi conduzir o povo de Deus para a vida e a missão do Filho; por sua vez, o Filho revela o Pai e seu projeto de amor que agora continua pela ação do Espírito Santo na sua Igreja.
O Espírito repete, anuncia de novo, interpreta a mesma palavra que Jesus ouvia do Pai, para que possamos colher a sua relevância e acolher a sua pertinência em nossa situação concreta, que é única. A Palavra é a mesma, mas o Espírito, de algum modo, a torna nova, de novo única, porque a faz ressoar em nosso hoje.
O amor supera todo conhecimento e toda doação e o Espírito, que é o amor entre o Pai e o Filho, nos fará entender o ‘não-dito’ de tudo o que Jesus fez e disse. O Espírito não criará nenhuma novidade em Jesus, mas criará toda a novidade de Jesus em nós. Atualizará a sua presença. Falará aqui e agora o que Ele disse e deu outrora. O Espírito dirá agora o que Jesus diria se estivesse na nossa situação. A teologia nos ensina que a Trindade é a melhor comunidade. É a melhor comunidade porque suas relações são de amor e reciprocidade. A Trindade é modelo para as nossas relações. A Igreja só é verdadeiramente a Igreja de Jesus quando vive, respira e transmite amor. O Papa Francisco nos exorta: ‘Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno’ (EG 101).
Bom dia. Abraço.
Dom João Inácio Müller, ofm
Bispo de Lorena – SP