No Novo Testamento não vamos encontrar nenhuma descrição metodológica de como era celebrado a liturgia apostólica, mas sim uma série de detalhes e de indícios particulares.
O termo “leitourghía” aparece somente uma vez no Novo Testamento para sinalizar o culto cristão, não significa que a comunidade apostólica não conhecesse formas de culto litúrgico, mas indica a “novidade” do culto cristão.
Na narração dos Evangelhos vamos ver que Cristo e seus discípulos participaram do culto judaico, mas com o tempo foram distanciando de forma progressiva. A comunidade primitiva cristã, numa relação de continuidade e descontinuidade com o Antigo Testamento, toma sempre mais consciência a respeito da novidade da experiência cristã.
Os atos dos Apóstolos narram que os primeiros cristãos “partiam o pão em casa, tomando as refeições com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46). Durante todo o séc. I, a Eucaristia é celebrada junto com uma refeição propriamente dita, especialmente nas comunidades de origem judaica. Junto com a refeição há o ensinamento dos apóstolos, a comunhão fraterna e as orações (cf. At 2, 42.47; 4, 24-31; 12, 5). Era normal que neste conjunto se manifestassem formas da oração judaica, por exemplo, a birkat hamazon, ou oração de bênção (= Eucaristia) e elementos individuais como aleluia (cf. Ap 19, 1 -6), Amém (cf. I Cor 14, 16; Ap 5, 14; 7, 12; 19, 4, etc.), hosana (cf. Mt 21, 9; Mc 11, 9- 10) e a fórmula nos séculos dos séculos (cf. Rm 16, 27; G1 1,5; Flp 4, 20; I Tm 1, 17, etc.).
As reuniões litúrgicas celebradas no domingo, de modo particular adquire uma especial importância, pois a comunidade a celebrava como memória semanal da ressurreição do Senhor (cf. I Cor 16, 2; At 20, 7; Ap 1, 10.
O Batismo na igreja apostólica era celebrado no nome de Jesus. No contexto ele aparece como o Batismo “no Espírito Santo”, anunciado por João Batista e pelo mesmo Jesus a Nicodemos (Jo 3, 3-5).
Percebemos que a comunidade apostólica, mesmo não tendo ainda uma regulamentação estável da liturgia, já tinha algumas formas litúrgicas próprias. Podemos destacar a importância das reuniões de oração, do Batismo e da Eucaristia. Das outras formas litúrgicas pouco se sabe: a imposição das mãos, a penitência, a unção dos enfermos, etc.
Destacamos quatro fatores essenciais para a formação e desenvolvimento do complexo litúrgico no século I:
1º – a mensagem e a atividade de Jesus;
2º – o mistério de sua morte e ressurreição;
3º – a conscientização da presença do Senhor entre os seus;
4º – a ação do Espírito Santo.
Referencia:
AUGÉ, Matias. Liturgia. 3ed. Editora Ave-Maria. São Paulo:2007