Há algumas semanas a igreja vem vivenciando o Tempo do Advento, um importante momento de retiro espiritual em que cada fiel é convidado a se preparar para a chegada de Cristo Jesus, o Verbo Divino Encarnado.
“E o Verbo Divino se fez Carne e habitou entre nós! ”. É assim que o evangelista João abre sua narrativa sobre o Evangelho de Jesus, o Nazareno, o Filho de Deus. Desde que o Homem pecou esse vem peregrinando sobre a terra com o intuito de em sua liberdade alcançar o que por vaidade e egoísmo perdeu, o Paraíso. Essa caminhada realizada desde os primórdios da humanidade, é acompanhada pelo próprio Criador que não deixou sua obra prima a mercê do mal. Sua presença se deu de vários modos, e em cada manifestação de sua presença ele falou de uma maneira, até que, por fim, falou diretamente por meio de sua plena manifestação na Pessoa de Jesus, Deus encarando.
Tal presença plena de Deus teve seu início com a encarnação de Jesus, que aconteceu em Belém. Com a encarnação o Amor, a Misericórdia, o real Evangelho, prefigurado por todo o Antigo Testamento, toca diretamente a miséria humana, e ao tocá-la faz brilhar nos corações a Luz de Deus. Luz essa que dissipou as trevas da vaidade, do egoísmo, da exploração, da rejeição, do abandono e do preconceito sofrido pelos mais fracos e pobres (principalmente os de espírito). Aqueles que puderam encontrar com o Cristo experimentaram em suas existências o Mistério da Encarnação do Amor, basta fazer memoria da Samaritana, dos Apóstolos, de Maria Madalena, de Zaqueu, do Bom Ladrão dentre tantos outros que Jesus em seu caminho foi encontrando. Para esses Cristo chegou nos presépios de suas vidas e ali fez morada, mudando inclusive suas atitudes.
O Mistério vivido por muitos, há dois mil anos atrás, ainda pode e deve ser vivenciado. Para tanto, se faz necessário um esvaziamento de si mesmo, para que, Jesus encontre lugar nos corações, daí a importante figura de Maria, que esvaziou-se de si mesma em favor de toda a humanidade. Por isso, deve se ouvir os clamores do Batista que anunciava a conversão, pois somente com uma sincera conversão do coração, buscando tirar dele, o ódio, o rancor, a vaidade, o egoísmo, omissão frente a maldade alheia é que de fato haverá espaço para o Amor.
Infelizmente para muitos o tempo do Advento e do Natal é algo vazio, morto, ineficaz, por se tratar de um momento superficialmente bonito e contagiante, mas que não atinge o mais íntimo do ser daquele que o vive, tanto que, a suposta “magia do natal” dura apenas até o dia seguinte dessa importante festa. Quando na verdade, mais do que um momento marcado pelo Cronos deveria ser kariós, um momento que se eterniza, e que se torna ponte para a eternidade.
O cristão é convidado a viver o advento não apenas como uma eterna espera, espera de Alguém que já chegou a dois mil anos atrás, mas um tempo de chegada que já aconteceu e que continua acontecendo, por não se tratar de algo encerrado ou estagnado no passado, mas que continua a acontecer quando a pessoa se abre a Graça de Deus. Graça essa que chega nos presépios existenciais e ocupa a manjedoura dos corações. Essa chegada não é de uma simples lembrança da encarnação, mas uma concretização dele nas atitudes que acontece quando o perdão chega, quando a verdade dissipa a mentira, quando a justiça dissipa a omissão e a injustiça, quando o amor dissipa o ódio.
Fazer o natal acontecer é fazer com que Cristo nasça por meio de nossas ações e palavras. Cristo continua chegando quando nosso olhar se torna o Dele, quando o nosso falar é o seu falar, quando nosso toque é o toque do amor e da misericórdia de Deus que alcança os corações daqueles que dele necessitam. Enfim, o natal acontece quando Deus se encarna em nossas vidas, e o nosso coração o Dele se torna.
Então é Natal, faça a experiência de encarnar o Amor em toda a sua vida, fazendo com Cristo chegue nos presépios que por Ele esperam!
Tenham todos um Feliz e santo Natal!
https://www.youtube.com/watch?v=Q7CTap_xm28
Por: Diego Novaes