Pastoral da Educação

          I– O que é a Pastoral da Educação? 

          Pastoral da Educação é a ação evangelizadora organizada da Igreja no mundo da educação.

          II– O que pretende a Pastoral da Educação?

  • Humanizar e personalizar cada pessoa humana em toda sua trajetória de vida;
  • Desenvolver todas as dimensões da pessoa humana na relação consigo, com os outros, com a natureza e com DEUS;
  • Desenvolver e harmonizar todas as potencialidades humanas, colocando-as a serviço do bem comum e do desenvolvimento integral de todos: cidadania em sentido amplo.

          III– O que se entende por mundo da Educação?

           Ao se falar em Pastoral da Educação é importante esclarecer que, por “mundo da Educação”, se entende todas as instâncias, agências, os MCS de todos os tipos, as escolas, as universidades e demais instituições sociais, as estruturas e processos, a prática educativa e, prioritariamente, as pessoas nelas envolvidas.

          IV– Porque priorizar a Escola?

          Sendo a escola um dos campos mais importantes do mundo da educação é ela, também, alvo privilegiado da ação evangelizadora e pastoral da Igreja. Aparecem prioritariamente, em relação à escola:

  • A defesa da educação para todos, assegurando sua melhor qualidade;
  • Uma escola pública estatal democratizada em seus processos e acesso;
  • Ações concretas de educação para os que ficaram excluídos do sistema escolar;
  • Formação inicial e continuada dos educadores e seu desenvolvimento profissional;
  • Uma gestão participativa do financiamento público da educação;
  • Uma significativa relação da escola com a sociedade e com os movimentos sociais organizados;
  • Um planejamento pedagógico participativo;
  • A indispensável convocação dos educadores para a necessária coerência com a proposta libertadora de Jesus Cristo;

         A Pastoral da Educação deve estar presente no Plano Pastoral Diocesano e articular-se prioritariamente com as pastorais da família, infância e juventude, comunicações sociais, catequese e Fé e Política.

          V– Educação, Igreja e Sociedade – Doc. 47 da CNBB

Aprovado na 30ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em 1992, pelo seu profetismo e atualidade é o documento orientador da ação pastoral da Igreja no Brasil, no campo da Educação. Destacamos desse documento:

 

O VER de uma realidade

 Nº 45. A educação ainda não ocupa um lugar significativo na pastoral orgânica da Igreja no Brasil. Em poucos Regionais da CNBB e dioceses há organismos de Pastoral da Educação. Os planos pastorais raramente contemplam o mundo da educação entre as áreas de sua atuação própria. Muitas vezes, os responsáveis pela coordenação pastoral nos regionais e nas dioceses, (ou os organismos diocesanos na área, quando existem), restringem a pastoral da educação às escolas católicas ou ao ensino religioso nas escolas da rede oficial.

 Nº 47. Há leigos e religiosos, atuando na educação popular e em escolas confessionais ou não, que procuram realizar uma prática educativa promotora de valores evangélicos. No entanto, falta a muitos agentes de pastoral e educadores a compreensão do sentido e da abrangência da Pastoral da Educação e da importância de sua coordenação, para uma presença organizada e eficiente da Igreja nos múltiplos desafios educacionais.

 Nº 49. Cresce, em muitos educadores, religiosos e leigos, a consciência de que sua prática educativa precisa ser sempre mais uma presença da Igreja evangelizando o mundo da educação. Eles esperam que seu trabalho seja valorizado por seus pastores e reconhecido como uma autêntica ação pastoral, através da criação ou dinamização de organismos da Pastoral da Educação, integrados na pastoral orgânica.

 

A orientação para um AGIR

Nº 114. Alguns destaques:

  • Dada a complexidade da educação e da sua importância fundamental para a formação da pessoa e da sociedade, deve haver na organização pastoral da Igreja (paróquias, dioceses, regionais) um setor que cuide, de maneira articulada e organizada da Pastoral da Educação. É urgente que esse seja apoiado e dinamizado e, quando não existir, seja organizado.
  • A Pastoral da Educação deve ser um setor dinâmico da pastoral, articulado em trabalho conjunto com movimentos de educadores católicos e organismos de educação ligados à Igreja, tais como a Associação Nacional de Educação Católica, ANEC, Movimento de Educação de Base, MEB, Equipes Docentes e outros.
  • A Pastoral da Educação deve preocupar-se com o crescimento do educador cristão, promovendo a formação de grupos de educadores que, em comunidade, partilhem a reflexão sobre a vida pessoal e profissional à luz da Palavra de Deus, a revisão de vida e a troca de experiências sobre o testemunho cristão.

 

PASSOS A SEGUIR

            O ponto de partida significa ir organizando da forma mais sistemática e consciente a Pastoral da Educação:

A) Existência de agentes de Pastoral da Educação abertos e dispostos a dialogar sobre a Pastoral da Educação. Agentes convictos e conscientes de que a educação pode e deve ser um meio de evangelização e de construção do Reino de Deus.

B) Formação de grupos permanentes de reflexão, de preferência grupos integrados com educadores das diferentes formas de educação, para refletirem as grandes questões ligadas à educação evangelizadora e à evangelização educadora.

C) Contato e comunhão com o Bispo e/ou Pároco, pois toda pastoral está diretamente vinculada aos “Pastores”.

D) Constituição de uma equipe de coordenação paroquial, diocesana e regional.

E) Levantamento de tudo o que já existe em termos de Pastoral da Educação realizando a articulação.

 

AÇÃO INICIAL

 

  • A) A Articulação: um dos segredos do êxito da Pastoral da Educação é a articulação das forças vivas da Igreja em prol da educação, em todos os seus níveis e modalidades e, também, na ênfase dada à dimensão educativa das práticas da Igreja.
  • B) No âmbito da comunidade: os coordenadores, os agentes da Pastoral da Educação reúnem-se periodicamente para pensar a educação, estudar, trocar experiências, buscar caminhos para uma ação transformadora e oferecer sugestões à comunidade. Conhecer, por exemplo, quais são os problemas e dificuldades que mais afetam a educação na comunidade, discutir, propor, organizar-se para interferir. É bom envolver pais, lideranças comunitárias e outras pessoas como novos agentes da Pastoral da Educação.
  • C Na comunidade paroquial: constituir a Equipe de Coordenação formada por representantes dos grupos de educação. Assim, começa uma articulação paroquial. A equipe de coordenação estará integrada, evidentemente, à organização pastoral da paróquia. Anima as equipes de nível comunitário e se relaciona com a Equipe Diocesana.
  • D) Na comunidade diocesana: o processo é mais ou menos o mesmo que o anterior. Constituir-se-á uma equipe diocesana formada por representantes das coordenações paroquiais. Esta equipe será articuladora da Pastoral da Educação da Diocese, em sintonia, é óbvio com o Plano de Pastoral Diocesano. Anima as equipes Paroquiais e se relaciona com a Equipe Regional.
  • E) Metodologia: num processo de ação-reflexão-ação, vão redefinindo novos caminhos para a educação e para uma interferência cristã na história, no e através do mundo da educação. Aliás, a dinâmica da ação-reflexão-ação é que sustenta o grupo e a mantém num processo de crescimento na perspectiva da utopia que está no horizonte e que orienta a caminhada.
  • F) Nos Regionais da CNBB: o processo continua. Uma equipe regional integrada por agentes diocesanos será articuladora da Pastoral da Educação no Regional. Anima as equipes diocesanas, relaciona-se com os outros regionais e com a Equipe Nacional de Pastoral de Educação.

 

ALGUMAS PISTAS

 

  • À medida que a Pastoral da Educação é implantada e dinamizada, vão sendo relevadas e aproveitadas as possibilidades de atuação dos agentes da Pastoral da Educação:
  • A)  Analisar criticamente as práticas educativas tendo como referencial a prática libertadora de Jesus Cristo e o crescimento do ser cristão do educador e de cada educando.
  • B)  Buscar o envolvimento e o crescimento dos educadores cristãos promovendo o debate, o estudo e a reflexão sobre a vida pessoal, familiar, comunitária, social, vocacional e profissional à luz da Palavra de Deus.
  • C)  Exercitar a revisão de vida e a troca de experiências sobre o testemunho cristão e ação educativa cristã.
  • D)  Discutir as tendências da ação educativa da família, da escola, dos Meios de Comunicação Social etc. E outras questões referentes ao “mundo da educação”.
  • E)  Fazer contínua análise de conjuntura, pois a situação sócio-econômico-política tem muito a ver com o processo educativo de cada cidadão e cidadã.
  • F)  Promover eventos como seminários, congressos, encontros, envolvendo o maior número possível de educadores, pais, comunicadores, professores, agentes de pastoral, em parceria com instituições e entidades educacionais.
  • G)  Participar de eventos ligados à educação e à Pastoral da Educação.
  • H)  Buscar articulação com Pastorais especialmente ligadas à educação, tais como Pastorais da Juventude, da Família, da Criança, do Menor, Pastoral Escolar, da Comunicação, Pastoral Universitária, do Ensino Religioso etc.
  • I)  Participar de entidades políticas como sindicatos, partidos políticos, grupos de Fé e Política etc. Sensibilizando-os sempre mais com a educação e cidadania.
  • J)  Integrar-se na comunidade local ajudando-a tomar consciência da dimensão educativa de sua prática.
  • K) Exercitar-se no poder-serviço, no diálogo, na entreajuda, na participação solidária, colocando-se, sempre mais, a serviço da vida em abundância para todos. Celebrar a vida, a caminhada, os avanços…
  • L) Ser “fermento” onde quer que estejam atuando os membros da Pastoral da Educação, contribuindo para que os processos educativos sejam libertados.
  • M) Estudar bibliografia adequada bem como documentos da Igreja sobre a pastoral e educação, estabelecendo confrontos com diferentes educadores, correntes de educação, e buscando integrar diferentes saberes… Intercambiar subsídios.
  • N) Alimentar uma rede na Internet sobre Pastoral da Educação fornecendo artigos, criando banco de dados, salas de bate-papo, links e outros meios de comunicação.