Comentando a parábola do Bom Samaritano, o Papa recordou o elo indissolúvel que existe entre o amor a Deus e o amor concreto e generoso pelos irmãos
Da redação Canção Nova Notícias, com Vatican News
O Papa Francisco dedicou a reflexão que antecedeu a oração do Angelus deste domingo, 11, à parábola do Bom Samaritano, proposta pela liturgia do XV Domingo do Tempo Comum. Para o Pontífice, esta parábola se tornou paradigmática da vida cristã: “Tornou-se o modelo de como um cristão deve agir”, convidando os fiéis a lerem o “tesouro” contido no Evangelho de Lucas.
Neste texto bíblico, Jesus é interrogado por um doutor da lei sobre o que é necessário para herdar a vida eterna. Jesus o convida a encontrar a resposta nas Escrituras: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, e ao teu próximo como a ti mesmo!”. Havia, porém, diferentes interpretações sobre quem seria o “próximo”. Então Jesus respondeu com a parábola do Bom Samaritano.
O protagonista é um samaritano, grupo na época desprezado pelos judeus. Segundo o Santo Padre, não é casual a escolha de um deles como personagem positivo da parábola. Ao longo de uma estrada, o samaritano encontra um homem roubado e agredido por assaltantes. Antes dele, por aquela estrada, haviam passado um sacerdote e um levita, isto é, pessoas que se dedicavam ao culto de Deus. Mas não pararam. “O único que lhe presta socorro é justamente o samaritano, justamente quem não tinha fé!”, frisou Francisco.
“Também nós pensamos em tantas pessoas que conhecemos, talvez agnósticas, que fazem o bem. Jesus escolhe como modelo alguém que não era homem de fé. E este homem, amando o irmão como a si mesmo, demonstra que ama a Deus com todo o coração e com todas as forças – o Deus que não conhecia! – e expressa ao mesmo tempo verdadeira religiosidade e plena humanidade”, destacou o Papa.
Depois de contar a parábola, o Pontífice recorda que Jesus se dirigiu novamente ao doutor da lei e lhe disse: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”. Deste modo, explicou Francisco, Jesus inverte a pergunta do seu interlocutor e também a lógica do mundo.
“Ele nos faz entender que não somos nós, com base nos nossos critérios, que definimos quem é o próximo e quem não é, mas é a pessoa em situação de necessidade que deve poder reconhecer quem é o seu próximo, isto é, quem usou de misericórdia para com ele”, prosseguiu o Santo Padre, que acrescentou:
“Ser capazes de sentir compaixão: esta é a chave. Esta é a nossa chave. Se diante de uma pessoa necessitada, você não sente compaixão, o seu coração não se comove, significa que algo não funciona. Fique atento, estejamos atentos. Não nos deixemos levar pela insensibilidade egoística. A capacidade de compaixão se tornou a medida do cristão, ou melhor, do ensinamento de Jesus”.
O Pontífice citou o exemplo dos moradores de rua e de como nos comportamos diante de alguém caído no chão. “Pergunte-se se o seu coração não se endureceu, se não se tornou gelo. (…) A misericórdia diante de uma vida humana na situação de necessidade é a verdadeira face do amor”.
O Santo Padre concluiu rogando: “Que a Virgem Maria nos ajude a compreender e, sobretudo, a viver sempre mais o elo indissolúvel que existe entre o amor a Deus, nosso Pai, e o amor concreto e generoso pelos nossos irmãos e nos dê a graça de ter e crescer na compaixão. ”