Paz e bênção. Recebei Espírito Santo.
Recebei (=tomai) Espírito Santo. Jesus fala do Espírito Santo sem artigo (veja também 1,33), não porque seja uma realidade vaga e indeterminada. O Espírito Santo é o seu amor: no-lo doa em plenitude, não com medida (cf. 3,34). Mas nós o possuímos quanto o acolhemos; e podemos acolher sempre mais, sem determinar limites àquilo que é infinito – Jo 20, 19-23.
Jesus nos pede para acolhê-lo. A forma imperativa ‘acolhei’ (recebei) é uma súplica urgente do Filho à nossa liberdade, para que acolhamos o dom que nos faz ser aquilo que somos: irmãos seus e filhos do seu Pai e nosso Pai, seu Deus e nosso Deus. É aquele Espírito que o mundo não pode acolher, porque não o conhece. Os discípulos, ao invés, o conhecem porque morou junto deles em Jesus e agora deseja morar neles (cf. 14,17).
Na cruz já nos entregou o Espírito (19, 30.34). Mas não basta: todo dom é tal só quando alguém o acolhe. Agora os discípulos, contemplando as suas feridas se rendem ao seu amor e o ‘acolhem’. No dom do Espírito se realizam as promessas de Jesus na última ceia (cf. 14,15-26; 15,26s; 16,7-15). A sua glória é transmitida aos discípulos, que se tornam uma coisa só entre eles (cf. 17,22), para testemunhar ao mundo o amor do Pai. Realiza-se assim por graça o antigo sonho do homem que faliu por engano: se tornar como Deus (cf. Gn 3,5).
A tarde da Páscoa acolhemos a fonte de água viva prometida no grande dia da festa de Pentecostes (cf. 7,37-39): acolhemos o Espírito do Filho e nos tornamos filhos de Deus (1,12-13), porque capazes de perdoar os irmãos.
Depois que Jesus recebeu o ‘seu’ batismo na cruz, também nós somos batizados no Espírito Santo (cf. 1,33). Mergulhados no seu amor, podemos amar como Ele nos amou. O objetivo da obra do Filho é que participemos sempre mais do seu amor pelo Pai e pelos irmãos.
Para João o Pentecostes, iniciado na cruz, explode no dia da Páscoa, quando os discípulos recebem o seu Espírito. Daquele momento em diante começa a época do Espírito; nela vive qualquer um que contempla a Glória, aberta a todos nas feridas do Perfurado.
Abençoado Pentecostes. Abraço.