Paz e bênção. Perdoar = ter o Espírito Santo.
‘Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus’ – Mt 5,20-26. Jesus ensina não só a não matar, mas a ver o outro como Deus o vê, a tratar o outro como Deus o trata, a buscar a reconciliação, a pedir perdão a Deus só depois de perdoar o irmão. A mera justiça mata; a misericórdia transforma.
A Lei ordena o que faz a vida crescer e proíbe o que a diminui. O elemento primário da Nova Lei – como ensina Santo Tomás – é justamente a graça do Espírito, que transforma o nosso espírito. Este coração novo só o Espírito Santo pode nos dar. Você nega o Espírito quando está em rixa com alguém. Lamentável.
Jesus veio levar à plenitude a antiga Lei, cumprindo-a de um modo superior, divino: Ele é a sua origem, o seu intérprete, o seu senhor. Por detrás da Lei está o Senhor, que trabalha o coração de seu povo. Assim, por detrás da Lei, que proíbe tudo o que tem sabor e cheiro de morte, está o Senhor; por trás da palavra que condena a transgressão, está o Pai. Só o Senhor dá a vida e ressuscita os mortos. Só o Pai perdoa o transgressor.
Jesus é o primeiro que vive o amor. A justiça de Jesus é justiça excessiva. A justiça do Filho, igual à do Pai, a única que faz entrar no Reino.
Não matar. Jesus ensina que o matar físico vem de um matar interior (a ira, o desprezo, a inveja). O matar físico é consequência da negação da fraternidade: um é a cara; a outra é a coral. A negação da fraternidade é negação da minha identidade de filho. A negação da fraternidade é coisa tão séria que inviabiliza a oração, expressão da relação com Deus. Quando nego a fraternidade, mato a minha identidade de filho. Como posso rezar se o cadáver do outro está vivo dentro de mim? O incenso de agradável odor não pode ser contaminado pelo fedor de morte que transpiro por todos os poros.
Em Jesus, amor a Deus e amor ao próximo aparecem indissociáveis. Assim, Quaresma e Campanha da Fraternidade, quando andam bem, andam juntas!
Bom dia. Abraço.
Dom João Inácio Müller, ofm
Bispo Diocesano de Lorena – SP