Paz e bênção. Basta a boa intenção?
Aquilo que vale não é o que se faz, mas a intenção que o inspira. Será que isso basta? Jesus fala disso: Lc 11, 37-41 – ‘Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior?’ Entretanto, Jesus, temendo má interpretação (poder-se-ia crer que bastem as boas intenções), logo apresenta uma intenção traduzida na ação. No caso, a esmola: ‘Dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós (v.41).
Observar leis e normas sem o consentimento interior, sem conversão e adesão com o coração e a fé é exterioridade. Nossa vida deve ser resposta ao amor de Deus. Quanto mais amo Deus, tanto mais a outra pessoa adquire importância para mim e tanto mais eu busco honrá-la, e, menos honrado. Torno-me simples e aberto aos simples. Dou-me inteiro e não só o que tenho. “Dai o que tendes em esmola”: livrai-vos da preocupação de ‘adquirir virtudes’ para perfeição individual, e tornai-vos disponíveis, com simplicidade, a cada pessoa. Se o vosso coração for bom e puro, tudo será puro.
Jesus conhece os corações, centro de decisão da pessoa. A relação com Ele joga-se a nível do coração, ou seja, de autêntica decisão pessoal. O que lava e limpa nosso interior, para sermos agradáveis a Deus? É o amor ao próximo, exemplificado por Jesus no gesto da esmola, como expressão de um coração renovado pelo encontro com o Senhor. A fé é autêntica se incide na vida, se transparece como força que fermenta as opções pessoais. Prova disso é o “dar esmola”, isto é, viver uma ‘fé que atua pela caridade’ (Gl 5,6). Ou seja: o autêntico encontro com Cristo leva necessariamente ao encontro com os outros.
Bom dia. Abraço.
Dom João Inácio Müller, ofm
Bispo diocesano de Lorena, SP