Paz e bênção. Jesus Cristo é o dono da minha casa!
Lucas nos faz entrar no mistério do encarniçamento da luta contra Jesus, não só por parte dos seus inimigos, mas também por parte de Satanás, o Adversário por excelência, aqui chamado Belzebu. Jesus expulsou um demónio: Lc 11, 15-26. Os inimigos insinuam que o prodígio foi operado pelo poder do próprio chefe dos demónios. Alguém até exige um milagre como ‘sinal do Céu’ para confirmar o seu ser-de-Deus. É a habitual prova-tentação em que os inimigos de Jesus queriam também envolvê-lo, mas que é contrária a um verdadeiro caminho fé.
Segue a parábola do homem forte e do ‘mais forte’ que evidencia a vitória de Cristo sobre Satanás. Em relação a Jesus, não há espaço para neutralidade. Ou se está com Ele e se recolhe para a vida que dura, ou se está contra Ele e se perde todo o verdadeiro bem. Note-se também o apelo à vigilância. Satanás não descansa, nem se dá por vencido. Onde vê a casa ‘varrida e arrumada’, isto é, a pessoa decidida a seguir a Cristo, lança um ataque total porque, por inveja, anseia pela ruína do homem.
O evangelho de hoje leva-nos a meditar sobre o mistério da luta de Jesus contra o Demónio. Os Padres do Deserto davam grande importância a essa luta, que se prolonga na vida dos cristãos. Apesar do cepticismo difuso na nossa sociedade, que se considera evoluída, o Demónio continua presente e atuante no mundo, muito mais do que se possa pensar. A sua força, assenta na estratégia de se fazer esquecer e em aparecer sob formas mais sedutoras e tranquilizantes. Conhecendo bem as suas presas, lança os seus ataques a partir das realidades a que são mais sensíveis. Ceder é abrir brechas a partir das quais se tornam mais fáceis os seus assaltos. Por isso, há que combatê-lo corajosamente, usando as armas da oração, da memória perene da Palavra do Senhor e das suas Promessas, da penitência, com uma grande humildade, que leva a pôr toda a confiança na Graça e a permanecer vigilantes para não sermos surpreendidos. Somos chamados a combater um adversário mais poderoso do que nós, mas com uma arma de que só nós podemos dispor, o Espírito Santo. Com o Espírito do Senhor seremos sempre mais fortes do que Belzebu, que, diante de nós, não passará de “um pobre diabo”, acabando por ser vencido.
Pelo seu Espírito, Jesus Cristo une-nos ao seu combate, para cooperarmos com sucesso na luta contra o mal quer serpeia pelo mundo, e participarmos na vitória, por mais demorada que seja. A presença do Demónio leva-nos a meditar sobre a dramaticidade da existência cristã, sobre o poder do mal, sobre a vitória de Cristo, sobre a necessidade de estarmos do Seu lado e cerrarmos fileiras, pois o combate espiritual é parte essencial do itinerário do discípulo de Cristo.
Que Cristo se torne o dono da nossa casa, e nós deixemos cair os nossos pensamentos, as nossas preferências, os nossos caprichos, para acolhermos sempre os seus desejos.
Abençoada sexta-feira – 13, dia do Senhor. Abraço.
Dom João Inácio Müller,ofm
Bispo Diocesano de Lorena