A Liturgia Romana Pura (séculos V, VII, VIII)

 

Este período “trata-se da época mais rica da Igreja Romana, época clássica, madura, anterior a sua fusão com as formas franco-germânicas.

Conhece-la não é coisa fácil, porque quase todos os documentos que se referem são de épocas posterior ou, pelo menos, já ‘contaminados’ pelas novas tendências.

Os documentos de maior importância são: Sacramentaria, Lectionaria, Antiphonalia, Ordines Romani, Monumentos.” (NEUNHEUSER, 2007, p 104)

A fonte mais antiga é o chamado Sacrcimentário de Verona (da segunda metade do séc. VI); contém uma série de cadernos (libelli missarum) nos quais estão registrados os formulários de determinadas celebrações, classificadas pela ordem dos dias do ano civil.

O documento está mutilado. Os meses de janeiro a março, incluindo a Quaresma e a Festa da Páscoa, não constam.

Embora os sacramentários romanos tenham surgido numa época relativamente tardia, ficou demonstrado que alguns dos seus textos remontam a Leão I (440-461), a Gelásio I (492-496) e Vigílio (537-555). Os textos que ainda hoje usamos na liturgia romana, em grande parte tem origem nesta antiga tradição.

Comparando os elementos formais da liturgia romana pura com os das liturgias orientais e de outras liturgias ocidentais, observamos a sua simplicidade precisa, sóbria, sucinta, não loquaz e pouco sentimental; a sua disposição é clara e lúcida; a sua grandeza, sagrada e humana ao mesmo tempo, espiritual e de notável valor literário. Entre os elementos teológicos característicos, deve- se observar que a oração é dirigida geralmente ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Observamos ainda que a oração eucarística romana se distingue da sua correspondente galicana e hispânica e também das “anáforas” orientais, porquanto ela é única (= cânone romano).

O rito romano, usado só em Roma e arredores, vem a ser com Carlos Magno (coroado imperador do Império Franco-germânico, no ano 800) o Rito usado em quase todo o ocidente. Carlos Magno, movido pelo apreço que ele tinha pela liturgia e considerando-se custódio da doutrina e defensor da fé cristã por volta do ano 783, pediu ao Papa Adriano I um sacramentário autenticamente romano. Ele tinha a idéia de unificar o Reino no seu culto. No entanto, alguns lugares conservaram seus ritos como Milão (Ambrosiano), Aquiléia, Ravena, Gália, Espanha. Da época Carolíngea até São Gregório VII, acontece o deslocamento do centro de vitalidade da liturgia romana de Roma à sede da Corte imperial, dos Carolíngeos e posteriormente dos Otonianos. A divisão do império franco a partir do séc. IX terá, como conseqüência, desenvolvimentos litúrgicos divergentes entre a parte oriental e a parte ocidental do império.

 

 

REFERENCIA:

NEUNHEUSER, Burkhard, OSB. História da Liturgia através das épocas culturais. Tradução José Raimundo de Melo. Edições Loyola, São Paulo, 2007.