Deus perdoa. E eu perdoo?

Paz e bênção. Deus perdoa. E eu perdoo?

Perdoar. Isso: perdoar. Sempre. É divino. Somos feitos do divino e para o divino; para levar vida divina, seguindo os passos de Jesus. O amor de Deus não tem medida. Perdoar porque Deus faz assim Mt 18, 21-35.

O rei perdoa porque é o campeão em compaixão. Ele sente como sua a dor do servo. Assim, não busca o seu direito, mas vive e faz compaixão. A dor pesa mais do que o ouro. Somos criados para ter em nós este coração de rei, coração de compaixão, coração divino.

Podemos, contudo, cultivar um coração pequeno, de servo, não de Deus, e exigir todos os direitos dos outros, sem entender a situação do outro e sem perdoar. O que Deus faz com estes que tem coração pequeno, que é servo mau?

Interessante observar: o servo mau é justo, mas, sem piedade: é cruel. A luz do texto qual é que é? Que sejamos servidores da vida. Jesus propõe a lógica divina: ilimitada no amor compassivo, perdoando e perdoando; amar os inimigos, oferecer a outra face, dar sem limite.

Quando não quero perdoar – o perdão não é um instinto, mas uma decisão – elevo o nível da dor e da violência. Perdoar é abrir o nó do meu direito e do dever do outro, e deixar ir, livre; é olhar para o futuro da pessoa que me deve e não olhar o passado. Assim Deus faz: perdoa-nos como um libertador, e se alegra conosco.

Bom Domingo. Abraço.

Dom João Inácio Müller, ofm

Bispo diocesano de Lorena SP