Desafios da formação católica na internet

O acesso rápido à internet se torna mais fácil a cada dia, esta realidade tem atingido muitas pessoas.

Podemos dizer que estamos vivendo um processo de democratização da informação e com isto surge uma cultura digital crescente, inclusive no âmbito religioso.

Quando falamos de fé católica a única que pode fornecer a informação verdadeira é a própria Igreja. “Deus quis que sua Palavra fosse comunicada a todos os homens de todas as épocas até o fim dos tempos”.[1]

 

Quando olhamos para a história da Igreja Católica Apostólica Romana percebemos que ela sempre utilizou dos meios de comunicação. “A pregação e o ensino público, nas praças, nos montes, nos púlpitos; a escrita manual, mecânica e eletrônica, atualmente; as ondas do rádio e da TV; e agora a rede mundial de computadores”.[2]

 

Quando falamos de qualidade da informação, a fé depende de uma comunicação verdadeira e transparente, “a fé depende, portanto, da pregação, e a pregação é o anúncio da palavra de Cristo”. (Rm 10,17). “É importante para a vivência cristã o conhecimento e o amadurecimento dos conteúdos doutrinais, sobretudo aqueles compilados em forma de Catecismo, acessível a todas as pessoas, de todas as idades”.[3]

 

Na rede existem diversos cursos de teologia, de formação bíblica e outros, mas em sua maioria são cursos de origem protestante (evangélicos pentecostais). Em muitos se adicionam o termo “católico” de forma inapropriadamente o adjetivo (“Seminário Católico”, Igrejas Brasileiras, etc). com isto “o risco de se cair em conteúdo em desacordo com a fé da Igreja é grande”.[4] Bem sabemos que devido ao grande número de material protestante na rede o católico precisa ser orientado para buscar fontes confiáveis da Igreja. É preciso criar uma cultura de “checar as fontes”, de buscar conteúdo confiável.

 

Para Pe. Antônio Spadaro:

 

Os modernos meios de comunicação vieram há muito tempo fazer parte dos instrumentos ordinários por meio dos quais a comunidade eclesiástica exprime-se, entrando em contato com o próprio território e instaurando, muitas vezes, formas de diálogo em um raio mais vasto de abrangência”. Quem o afirmou foi Bento XVI, na sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações de 2010. As palavras do pontífice adquirem um significado especial, se considerarmos como a internet tornou-se importante para o desenvolvimento das relações entre os que pertencem àquela que hoje vem comumente definida como “geração Y”, isto é, dos jovens nascidos entre os anos 1980 e 2000.

Hoje, as relações entre as pessoas estão no centro do sistema e da troca comunicativa, pelo menos tanto quanto estão os conteúdos. As redes sociais não dão expressão a um conjunto de indivíduos, mas a um conjunto de relações entre indivíduos. O conceito-chave não é mais a presença na internet, mas a conexão. A sociedade digital não é mais concebível e compreensível somente por intermédio dos conteúdos. Não há, em princípio, as coisas, mas as “pessoas”. Acima de tudo há as relações: a troca dos conteúdos que ocorre nos relacionamentos entre as pessoas. A base relacional do conhecimento na internet é radical. Dela derivam desafios e perspectivas interessantes para a Igreja.[5]

 

Em outro momento Spadaro afirmou que:

 

O desafio é o de sempre, é o de pensar a fé no mundo em que vivemos, no mundo cultural, na história em que vivemos. A internet tem hoje, certamente, um grande impacto no nosso modo de pensar, de pensar em geral. Então, dado que a Teologia é pensar a fé – na definição clássica, ‘intellectus fidei’ –, se a rede tem um impacto na forma de pensar – e a Teologia é pensar a fé -, a rede terá um impacto na forma de pensar a fé?

Esta é a pergunta que eu coloco e é o grande desafio da Igreja: a Igreja é chamada a estar onde estão os homens, hoje eles estão também na rede, pelo que a Igreja é chamada a estar também na rede.[6]

 

  Pe.  Leandro Paulo do Couto

 

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[1] Disponível em : <http://www.aleteia.org/pt/tecnologia/noticias/a-igreja-na-nuvem-formacao-catolica-na-internet-3696001>. Acesso em 24 se maio de 2017

[2] Ibid.

[3] Ibid.

[4] Ibid.

[5] Disponível em: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4659&secao=403 acesso em 24 de maio de 2017

[6] Disponível em: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/entrevistas/os-desafios-da-comunicacao-digital-para-a-igreja/ acesso em 24 de maio de 2017